26 de dezembro de 2010

A contemplação do relógio...

The Complain of the Watch - Jean-baptiste Greuze



"O amor vem, e vai, depois vem novamente,
 Se você tentar segurá-lo ele fugirá de você,
 Mas se você fugir dele, ele te segurará..."
 
 La Habanera - Carmen de Bizet




Dizia o poeta que o sentimento da tristeza, é como um muro alto erguido entre dois jardins florescentes. Este tipo específico de tristeza a que o poeta se refere, impede a felicidade não só de uma parte, mas da outra também. Um muro, dois jardins.
Enquanto fumava um cigarro agora, escutava "La habanera" uma das áreas da ópera "Carmen" de Bizet, uma música de beleza e sinceridade inigualável, a área começa justamente com a protagonista (Carmen) se perguntando quando conseguirá amar realmente? Nunca? Amanhã? "Hoje com certeza não!" ela declara.
Depois deste início onde Carmen expõe sua atual situação de querer amar, e não ser capaz disso, ela segue filosofando à respeito do amor, com a célebre frase que inicia a canção "L'amour est un oiseau rebelle que nul ne peut apprivoiser..." (O amor é um pássaro rebelde que ninguém nunca conseguirá aprisionar).
Não pude deixar de me comover com sua opinião sobre o amor, e de me perceber na mesma situação dela. Quando eu amarei? Nunca? Amanhã?
Hoje, particularmente, tive a oportunidade de observar de perto, diversos tipos de casais: casais que estão longe e se encontram finalmente com o amor transbordando visivelmente, casais que estão longe e acabam brigando por problemas inexistentes que são filhos da insegurança e da distancia, casais que se amam mais quando estão longe do que perto, e casais que se separaram, mas que a ausência um do outro, serviu para deixar mais evidente a melhor parte de ambos.
Lembro-me perfeitamente, na época em que cursava História da Arte na UNIFESP, uma docente de "Arte do Século XVIII-XIX" mostrou-nos um quadro maravilhoso de um dos maiores nomes do rococó francês, Jean-Baptiste Greuze, o quadro era "A contemplação do relógio", e ilustrava uma camponesa em seu quarto, esperando o retorno de seu amante, esperando o retorno de seu amor, tudo está bagunçado, tudo esta fora de seu lugar na pintura, exceto ela e seu relógio, ambos esperando.
Eu, Carmen e a camponesa de Jean-Baptiste Greuze esperamos o amor, mesmo sem saber o que esperar do amor. O que ele é ou como ele chegará? Como saberemos que é ele, ou se nos perdermos no caminho, como reencontrá-lo? O poeta tenta explicar o amor como uma flor com a capacidade de desabrochar em todas as estações. 
Concordo.
O amor não segue as mesmas leis da natureza, no inverno ele não hiberna, na primavera ele não floresce, e talvez, nem mesmo se esquente no verão. Ele não possui leis ou métodos, não podemos quantificá-lo, ou retribuí-lo. O amor pode sim, desabrochar em qualquer estação, mesmo que o frio e as tempestades possam matar suas belas flores, eles nada podem fazer contra suas sementes, o amor perdura. As próprias flores só desabrocham para continuar a viver, pois reter é o mesmo que morrer.
A consciência de uma flor no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A flor não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as flores estão certas de que a primavera virá, por que nós sofremos antecipadamente, custando a acreditar que um dia o amor nos alcançará?
Por isso, no final deste post, antes que este ano termine, juro pela deusa Hera/Juno Lucina, que não buscarei o amor apenas para evitar os momentos a sós com a minha solidão, para provar que ele existe ou para passar meu tempo. Vou buscá-lo para minhas horas vivas, para que ele preencha todas as minhas necessidades, não o meu vazio.


"O amor é filho de um homem boêmio,
 por isso não conhece leis..."
La Habanera - Carmen de Bizet


p.s. crônica escrita em homenagem a minha grande amiga e leitora Deborah Torrezan.
p.s.s. o poeta a quem me referi várias vezes é Khalil Gibran.

 
Um beijo sincero.




20 de dezembro de 2010

2010, A Tragédia do Homem Comum

John William Waterhouse - Merman



"A tragédia do homem despreparado para a tragédia;
 Esta é a Tragédia do homem comum.
"

Philip Roth



No fim do inverno, ele tomou um onibus em direção a cidade grande de onde escapara, ela escapara entre seus dedos, e ele escapara no meio de suas ruas. Sobravam-lhe agora apenas alguns dias antes que tivesse de estar de volta ao Interior. Antes, trabalhava como Intérprete na Galeria de Arte do Centro Brasileiro Britânico, estava (re)começando a vida acadêmica, cursava desde Fevereiro "História da Arte", se apaixonara pelo curso, e este amor foi correspondido. Era também um poeta, mas não mencionava isso a menos que fosse algo que as pessoas já soubessem.
Durante poucos meses esteve envolvido com um homem da cidade. Até onde sabia, isto estava terminado.
Havia percebido uma coisa sobre si mesmo nessa ultima viagem à cidade grande. É que as pessoas não estavam mais tão interessadas em conhece-lo. Não que tivesse gerado tanto alvoroço antes quando chegara pela primeira vez, para ficar, mas, houvera alguma coisa com que podia contar.
Tinha vinte e três anos, e estava solteiro a dois. Não tinha ficado mais gordo ou mais magro, sua aparência não se deteriorara de nenhuma maneira alarmante, no entanto havia deixado de ser um tipo de homem, e se tornado outro, e só percebera isso nessa viagem.
Impelia-se a acreditar numa força maior, talvez o destino ou os deuses, não que qualquer um destes um dia  tenha lhe dirigido a palavra, mas quando se esta completamente só, sente-se que o único objeto inanimado é você mesmo, as xícaras estão de tagarelisses com os pires, estes por sua vez com os balcões, e ele solitário, alheio a essa conversação inaudível, inanimado.
Abriu as caixas, e embrulhando as louças falantes desajeitadamente, começou a organizar sua mudança. Não havia decidido se queria ou não mudar, mas isso pouco importava agora, a mudança estabeleceu-se antes dele, e tudo o que podia fazer por hora era se adaptar.
Não sabia lidar com mudanças drásticas, sofrera ao mudar-se, ao adaptar-se, ao ser sozinho. Tudo mudaria, estaria cercado de pessoas novamente, mas desta vez, estaria mais ausente de si mesmo.
Foi essa a maior mudança que o ano lhe trouxera, lhe tirou um pouco de si mesmo. A mudança estava pronta. Iria voltar, iria embora, e ao ver as malas feitas, as louças caladas, e os móveis brancos desmontados, sabia que era verdade. Ele mudaria.
Estava leve, deixou um grande pedaço de si mesmo para trás, carregou sua mala com roupas que futuramente não lhe serviriam mais, mas havia espaço de sobra em qualquer canto, afinal, desta vez, não levaria sonhos junto de si.
Ele era agora um homem apagado, que perdera-se de seu dono, como o móvel juntando poeira, o corpo fora de forma, as tatuagens inacabadas, a barba por fazer, o cabelo preguiçosamente raspado. Ele era um homem abandonado, abandonado por sua parte mais forte.
Não tinha projetos a longo prazo, nenhum. Não tinha sonhos ou metas para o próximo ano. Não sabia se lhe seria devolvido o "si mesmo" roubado pelo ano que agora terminara.
Esperava ansiosamente a chegada do outono, quando pretendia recolher-se. Aprendeu sozinho que num ano de mudanças, o coração se parte, ou se perde.



p.s. que o próximo ano me encontre, e me devolva a mim mesmo.


1 de dezembro de 2010

O Mar cor de Vinho.


   Amar e mar, são praticamente sinônimos e antônimos de si mesmos para mim. Nada pode ser tão abrangente, infinito, profundo, e ao mesmo tempo, tão radical, tempestuoso e solitário quanto o mar. Amar é ter um mar dentro de si, desaguando, revolto, querendo chegar a praia, querendo sair, conquistar novas paredes, romper novas fossas, inundar nuas costas.
 Amar é ir contra a natureza e segurar esse mar. Prender a pérola dentro da ostra, calar as sereias, desencalhar todas as baleias e sumir dentro da própria imensidão, sem deixar traço, nem marca, nem castelo atrás de si.
 Amar é mar, porque sentimos suas ondas, seus perigos, sua paz, seu prazer, em ambos, pisamos com cuidado, evitamos o ferrão da raia, a queimadura da água viva, o buraco profundo onde nos afogaremos, mas insistimos, jogamos tudo para o alto e chamamos de destino, mandamos flores pra Yemanjá, e afogamos Santo Antônio, julgando que são seres distintos, ascendemos velas e mergulhamos, e contamos sempre com um salva-vidas por perto. Mas ele só nos salva da água salgada do mar, do sal das lágrimas, até hoje não achei alguém que pudesse me salvar.
 O amor e o mar, são o mesmo, e se são diferentes devem ter algum parentesco. Os observamos desde o caldo primordial, o mar se oferece sem acanhos, com lendas, refrescos, ressacas e ondas. O amor não se oferta, se conquista, se tira gota a gota, cada uma infinda de prazer, e dor. Depende da medida.
O amor é como o mar, seja morto, glacial ou pacífico...
Nos cerca mesmo quando não damos conta, nos salga, nos tempera, nos romantiza, reflete a lua, e a ironiza.
A lição aqui a se aprender, é que sempre vale a pena explorar aquilo que no fundo tenta se esconder. A pérola na ostra, a sereia nos corais, os golfinhos em Galápagos e os sentimentos nas zonas abissais.


p.s. E que o Deus do Mar cor de Vinho proteja a felicidade de todos nós.
"Me ensina a fazer renda sereia,
Me ensina a namorar..."



22 de novembro de 2010

Luz



Era um tímido, acanhado,
um mimado, infantil e carente,
esperando movimento do trem à frente,
eu cheguei em tua vida atrasado.

Tropeçando em verbos terminados sem ar,
(amar, calar, revelar, ocultar)
perdia o sujeito, não via o predicado.
Sozinho eu sofria adiantado:
antes, durante e depois de te encontrar.

Pensava eu como pensa todo amante:
nenhum obstáculo conseguiria pagar,
o preço de ser réu confesso perante,
os juízes castanhos do teu olhar.

Éramos objetos nos achados e perdidos,
e nos encontramos depois de esquecidos.
Qual metrô pegar? Qual estação descer?
Esquecia meu nome, mas o teu não podia esquecer.

A cidade, antes estranha, acinzentada,
rua adentro, você pisava, ela sorria;
e quando andava julgando-se só na calçada,
o meu passo acompanhava o dela, que te seguia.

Na linha mais azul da minha vida
foi escrito o teu nome numa estação
raro momento esse de sonho e alegria
sem pensar sequer na futura baldeação.

te perdi na multidão.

E com a tua maestral candura
ensinou-me a mais linda lição:
Não há no mundo relação segura,
existe o risco de contrair paixão.

p.s. para o príncipe que jaz no meu passado. 



Poema Luz, Roberto Rodríguez, Junho de 2010.

17 de novembro de 2010

Abissal



Sou um homem banal,
que abraça as quimeras, que vive em outras esferas, 
se recorda de outras eras,
que foge do real, mata gigantes de pedra e teme o imaterial, 
Um puro equivocado, daqueles que nunca foram destilados, 
daqueles pra quem o acaso,
está longe de ser mero acaso, 

Sou covarde, um homem fatal,
fatal para si e para aqueles que se encantam com meu mal,
um fumante viciado em tragos, não em cigarros.
Um alcóolatra da fantasia, um exaltado, um exagerado, 
que sente tudo vezes dois ao quadrado.
Tento, tento e não consigo. Giro nas rodas do destino, 
dou 360º e volto do principio.
Os Deuses riem de mim, e nos meus melhores dias eu riu também.

Sou aquele que não é preferido, mas nunca é ignorado,
sou o mais ou menos, 

Não sou motivo de orgulho nem pra mim nem pra ninguém, 

Faltou algo no meu leite, pulei a fase de édipo e narciso, 
fiquei meio indeciso quanto ao que sou.

Não sou nada, é o que aprendi, quanto menos eu sinto, melhor fica existir.
Sou um quebra cabeça sem canto, uma cabeça quebrada sem juízo, 
sou o único causador e a única vítima do meu mal.
Sou o Príncipe do meu Reino Abissal.


p.s. um sapato, será sempre um sapato
mesmo feito de cristal encantado.
p.p.s. e os sonhadores devem sonhar apenas dormindo,
pois os sonhos não devem existir quando se está acordado.





22 de outubro de 2010

Lion-Hearted Boy

 


Percebi que a Blogosfera muito mais que uma realidade paralela, é uma família. Dividimos nossos pensamentos, gostos e experiências pessoais com aqueles que de simples leitores ou testemunhas anônimas, passam a ser nossos chegados, amigos e até muitas vezes tornam-se parte de nossas vidas e, consequentemente, de nossos textos. Um dos meus amigos mais queridos é o blogueiro Leonardo Alves, que foi o tema e a inspiração do meu texto Joyeux Anniversaire. Agora ele está aqui no blog, presente em carne, ossos e HTML, escrevendo um texto surpresa para mim, para o qual me pediu que fizesse uma pequena introdução à lá "Bridget Jones", com o intuito de apresentá-lo a vocês, meus queridos leitores. Posso dizer apenas que confio no bom gosto deste garoto barroco e que o texto apresentado logo abaixo será uma das obras mais lindas e de estimação que terei no arquivo desta página. 

Chafurdem-se na leitura.

Abre Aspa
*
Nome de galã de novela mexicana, ares daqueles escritores franceses boêmios de meados do século XX, coração imenso no qual cabem confortavelmente todos os seletos indivíduos que tiveram a sorte de usufruir da estima desse paulistano de apenas 23 anos, mas que tem tantas histórias quanto um veterano da 2ª Guerra Mundial e cuja pele transformou numa tela onde estão reproduzidas as mais diferentes figuras que retratam suas crenças pagãs e gostos dos mais diversos. Refiro-me ao “lion-hearted boy” de ascendência latino russa, Beto Torta (nascido Roberto Cavalcante Rodríguez, ao dia 06 de agosto de 1987 – o dia mais frio daquele ano, segundo a Perla).

Quando uso o termo “lion-hearted boy” me refiro a todos os possíveis significados que essa expressão possa encerrar. Além de ser do signo de Leão, ele possui bravura, coragem e força, como também é capaz de mostrar presas afiadas e esbanjar ferocidade em face de injustiças ou quando o tratam com grosseria e lhe faltam com a consideração (The Courageous Four Eyed Superior).

Conhecer o Beto é como dedicar a vida aos estudos, você pode passar anos o observando e a cada dia vai descobrir que há sempre mais para saber a seu respeito e uma surpresa em cada nova descoberta. O máximo que eu poderia fazer é tentar esboçar os matizes mais invariáveis da personalidade desse querido amigo e os infinitos desdobramentos do ser desse escritor e, se Hera quiser, futuro jornalista, que quase se tornou filósofo, historiador da arte e engenheiro naval.

Faz dois outonos que o conheço e afirmo convictamente que esses anos teriam sido mais nublados sem seus cômicos comentários e nossos pitorescos papos de confessionário (risos). Por inúmeras vezes o Beto foi meu chão e seu ombro serviu-me de apoio. Nos momentos em que não havia Chapolin Colorado para me ajudar, era a ele que eu recorria. Ter-lhe a atenção me transmitia calma, mesmo quando - plausivelmente - ele não possuía a solução para os meus problemas.

Além de calma, sorrisos e gargalhadas, o devo inspiração para ótimos textos e ótimos textos para me servir de entretenimento. Para quem não sabe, ele tem um blog (provavelmente este que vocês estão lendo), o qual eu acompanho desde pouco antes de ele mudar o nome de Delta Vênus para Roberto Torta e, posteriormente, para o atual 1/4 de Beto. Se eu fosse falar do seu talento para a escrita, eu gastaria horas, mas creio que basta dizer que ele é capaz de mudar do cômico para o comovente em um único parágrafo e que suas produções são tão instigantes a ponto de prender à leitura o mais desconcentrado dos homens (a saber, eu). Eu até suspeitava que ele tivesse usado alguma de suas habilidades secretas para viciar todo e qualquer indivíduo que, por ventura, passasse pelo seu blog. Mas com o tempo constatei que o que eu acreditava ser uma habilidade secreta, nada mais era que uma rara e esplêndida aptidão para a crônica, o romance e a poesia.

Não é difícil amar essa “coisa mais linda e fofa da mamãe”, como diz a Dona Rosana. O Beto é um sujeito... “pinta” (modo como o Código de Masculinidade convencionou que um homem deve se referir a outro quando este for de agradável aparência), inteligente, culto, refinado (daqueles que bebem chá verde e tudo), bem humorado, fiel, afável e, paradoxalmente, uma fera dócil. Como eu sou ateu, eu não sei bem pra quem agradecer por ter tido a felicidade de conhecê-lo e tornar-me seu amigo. Mas conviver (mesmo que virtualmente) com o Sr. Rodríguez foi uma das melhores experiências da minha vida e eu gostaria de deixar isso bem claro para ele e para quem quer que esteja lendo este texto. Sem mais delongas, finalizo esta orgulhosa homenagem com versos da canção The Couch, de um de nossos ídolos compartilhados, Alanis Morissette:

“You are wise, you are warm, you are courageous, you are big and I love you more now than I ever have in my whole life”.

Fecha Aspa


 


29 de setembro de 2010

Dente de Leão (Dandelion)





Eu desejo você.
Mas não agora, não tão rápido. 
Talvez amanhã quem sabe, ou daqui a alguns anos, 
você chegará maturado, preparado e temperado.
Não, não quero que me conheça já. 
Nem quero já te-lo conhecido também em algum lugar, 
pois gosto de ter a fantasia que você não me deixaria escapar,
que seria o único capaz de lidar com isso, comigo.
Portanto o meu passado é o único lugar onde não irei te procurar.
Quero que venha de longe, que nunca tenha posto os olhos em você ainda, 
venha de outras esferas, respire um outro ar, 
beba uma água mais pura, me conheça até de outras eras, 
adore um Deus que eu desconheça.
Tenha sua própria maldição. Torne-me um amaldiçoado também, 
vamos chamar isso de compromisso.
Me veja, me leia, tenha lábia, me convença a vender minha alma, 
roube o meu corpo só para você, e não devolva-o sequer a morte.
Tenha lábios, e saiba usá-los. 
...
Agora, meu desejo mais lindo não dividirei com ninguém.
só desejo que em algum momento antes disso,
você tenha me desejado assim também...





Dente de Leão, Dandelion, Taraxacum officinale, Esperança, Taráxaco, Amor-de-homem, Amargosa, Alface-de-cão ou Salada-de-toupeira. É a famosa flor que sopravamos quando criança, tem uso medicinal para a artrite e reumatismo, mas é conhecida por seus poderes mágicos, dizem que se você soprá-la desejando um amor, assim que vir novamente uma de suas pétalas perto de você, é sinal de que seu desejo foi atendido.O amor está próximo. 



p.s. vi uma pétala esta manhã... 












25 de setembro de 2010

Joyeux Anniversaire...




P/ Leonardo...

Tantas vezes declaro
meus amores  minhas dores
de muitas mil maneiras.
Quantas... tantas...
suspeitando tristezas cavo
- a custo - um sorriso
no buraco da minha dor
dado então sem ser pedido.
Com migalhas dou formato
a sonhos antecipados,
em atenção redobrada
ao querer de um amigo.
E desejo, espero, procuro
quem veja sem perguntar,
leia de olhos fechados,
e dispense pedir.
Que fale sem palavras
e escute as lágrimas
sem secá-las ou fugir delas.
Que alcance aonde eu não chego,
e explique, num abraço,
o segredo que desconheço.



p.s. a distancia não permite que te abrace, 
mas nem por isso deixaria tal data passar em branco, 
ela vai passar em branco com fontes pretas e itálicas. 
um beijo meu amigo. 

24 de setembro de 2010

ex...




Destinados, imperdoáveis, magoados, 
esquecidos, relembrados, reconquistados,
eternamente perdidos.
Estes são os ex-namorados.
Ex. Uma sílaba, duas letrinhas miúdas
mas com tão profundo significado
elas nos lembram que o fulano já passou,
é página virada, foi superado.
O toque, o primeiro beijo, a primeira transa,
o primeiro presente, o primeiro 12 de Junho,
continua tudo no lugar, 
inesquecível, inquestionável, bem guardado.
só o coitado que tudo isso nos proporcionu
virou inimigo, ou pior, ex-namorado.
Estes moços nos tocaram e partiram,
e deixaram atrás de si seu rastro,
nos deixaram marcas, mal amados, mal comidos, mal acostumados,
com medos, traumas, regras, limites, e
mil e uma maneira de se amar errado.
Nossos demônios internos, são os filhos deles, 
os ex-namorados.
Serei usado, serei traído, serei humilhado, serei substituído,
nada disso havia antes de um deles ter nos atravessado.
verdade que onde não tinha isso, não tinha:
serei amado, serei reconhecido, serei admirado, estou apaixonado,
não foram livros nem romances que nos mostraram
o que de verdade é ou pode vir a ser o amor,
não foram sonhos coloridos e açucarados...
O amor, se ele de fato existir, o conheci na boca deles,
os ex-namorados...




p.s.  ao meu redor o mundo gira, 
e me empurra novamente nestes antigos 
e não menos difíceis caminhos...













16 de setembro de 2010

Pintando o céu com estrelas...




"Eu sei, você já parou de contar as estrelas do céu
E eu não, eu não posso mais te ajudar a dizer onde estão
Seu olhar pesado me prende ao solo
E eu sei, eu não posso mais flutuar
entre estrelas do céu que você apagou.
...
Falta um pouco de luz nos seus olhos
e me dá saudade o seu rosto brilhando ao sol
Falta um pouco de amor no seu corpo
e eu não posso te dar pois em mim faltará também
...
Talvez, se a gente encontrasse um lugar pra recarregar nosso amor
então, quem sabe eu pudesse enxergar vida no que nos restou
e essa estrela morta brilharia um sol
Meu bem, o pouco que eu posso te dar
É tudo o que eu já te dei e que não te bastou"

Estrelas - Ludov (*




"Amanhã preciso acordar cedo, e tentar voltar a fazer alguns exercícios antes do trabalho". Pensou.
Estava confortavelmente deitado em sua cama, os travesseiros afofados, os livros estritamente alinhados no criado mudo, tinha tomado banho, 2 cálices de vinho tinto, colocou sua cueca de cetim, passou seu perfume, esfregou o rosto e escovou os dentes.
E então, agora deitado, olhava o teto, sua visão aos poucos se adaptava a escuridão ambiente. 
O teto, recentemente pintado de branco. Noite e tinta, ambas frescas.
E antes da noite e da tinta?
Estrelas, é que havia ali antes. 
O teto era repleto delas, essas baratas e vagabundas que brilham no escuro sabe. 
Quer dizer, hoje elas eram baratas e vagabundas para ele, mas um dia não foram. Não quando ele (o outro), as comprou, e estratégicamente as colocou no lugar certo, simulando cada constelação que havia no firmamento.
"Estou tendo astronomia na facul esse semestre, e tive essa ideia meio maluca de fazer um observatório particular pra gente aqui, mas o cartão estourou e não sobrou verba nenhuma pra um telescópio, essas coisas são caras sabia? Então eu fui no R$1,99 hoje comprar umas tralhas e vi essas estrelinhas, tive a ideia e voilá! Elas brilham ainda por cima, olha..."
Na época ele até sorriu, achou a coisa mais romântica do mundo. O outro encheu o quarto de estrelas, que fofo pensou.
A noite, como agora, eles costumavam se deitar, e quando não se amavam, ficavam olhando para o teto,  estáticos, as vezes o outro fingia que o último cigarro da noite era um cometa, levantando o braço e passando 
a bituca pelo "céu" do quarto, e ele falava qualquer coisa naquela hora, o amigo que brigou com o chefe, a mãe que pediu dinheiro emprestado, o preconceito, sobre um dia casar em Praga, capital da astronomia.
"Lá eles tem um relógio lindo, a gente tem que casar lá! Está decidido!"




Ele já não pensava nisso há muito tempo, a verdade encobriu suas fantasias... 
A verdade é que o outro se foi. 
Um dia decidiu não estar mais preparado para aquilo, para o quarto, para as estrelas, para Praga.
Uma simples ligação, serviu de ponto e virgula para os anos juntos.
Digo ponto e virgula, pois ele deixou para trás as estrelas.
Elas o assombraram por muito tempo.
Estavam todas lá, a constelação de gêmeos, a constelação de leão, uma do lado da outra, correspondendo aos respectivos lados da cama de cada um.
As vezes ele próprio usava o último cigarro de cometa, mas este não vinha mais da constelação de gêmeos como antes, vinha do nada, e ia em direção a um buraco negro.
Uma noite retirou todas elas. 
Pintou o quarto de branco, queimou o antigo colchão, aprendeu a preparar o próprio café.
Mas mesmo quando não se vê uma coisa, será que realmente ela não está lá?
Naquela noite, sozinho, deitado, podia ver claramente cada uma das estrelas, das histórias que as acompanhavam, dos sonhos que elas embalavam, do amor que elas foram testemunhas, e de onde elas nasceram.
O outro, pintou o teto com o céu, pintou o céu com estrelas, mas antes, havia pintado estrelas dentro dele próprio. E essas, ele não descolou ainda, nem passou uma mão de tinta por cima.
Elas estão lá, na escuridão daquela noite, na escuridão do seu ser, brilhando. 
É triste isso, o orgulho pode vencer mil batalhas sem vacilar em nenhuma delas.
Mas ao se sentir estrelado por dentro, sozinho, naquela noite.
ele chorou...





"Eu sei que você vê tudo o que eu faço.
Eu sei que você lê tudo o que escrevo. 
Escrevo pra você..."

Estrelas - Ludov (*









17 de agosto de 2010

O matreiro vento do norte...


O matreiro vento do norte soprou novamente...




Não posso lhes dizer para onde estou indo, nem sequer tenho certeza de onde estive até agora, eu só sinto que devo continuar a seguir até que a estrada chegue ao fim...
Eu estou do lado de fora, no meio da jornada, tentando de todas as formas fazer o melhor que posso, mas ainda vejo tudo como um enigma, uma charada, sinto aquela vontade de descobrir aonde cada pedacinho meu se encaixa...
Como a carta do tarot "O Louco", que minhas tias sempre liam na minha infância, eu sou só um mochileiro, um peregrino tentando descobrir como é a sensação de estar finalmente no lugar certo, de estar em casa.
Mas isso, infelizmente, ninguém pode me ensinar, estou condenado a continuar andando...

E eu continuo, sempre.
Perguntas? Eu tenho muitas.
Respostas, encontrei apenas uma ou duas, mas afinal é para isso que estamos aqui, para aprender, para queimar a nossa alma buscando talvez um dia, conhecer a verdade.
Todos os dias nós somos meio que crucificados, a diferença é que eles pregaram Jesus à madeira.
Porém, quando for a minha hora de ressuscitar, eu prometo, vocês verão uma grande mudança em mim.
Não existem certezas no meu caminho, mas os Deuses me fizeram por um motivo, e nada na minha vida aconteceu por acaso.
Até agora aprendi que a redenção virá de muitas formas, com muitas perdas e dores diferentes.

Deus?
Bem, se ele estiver por aí, espero que me mantenha sempre perto do caminho certo, porque eu ainda estou tropeçando, esbarrando, duvidando... Em qual direção estou, ou em direção á que estou andando?
As vezes, como agora, a estrada é acidentada e é muito difícil continuar...
Mas então, alguém segura a minha mão, me mostra que não há motivos pra mim continuar a andar sozinho, e que mesmo quando tudo esta quebrado, ainda da pra fazer algum remendo...

Então, tchau São Paulo, um abraço já cheio de saudades em meus novos amigos, um beijo apaixonado praquele moço que me encantou, e um até logo pra todos aqueles que me conheceram e me marcaram neste pequeno pedaço da minha vida...
E eu ainda espero reencontrar todos no final da estrada.
Vocês são mais importantes para mim do que eu imaginava...



Flutuando como um barco,
ou correndo como o vento,
esperando a direção dos deuses,
esperando um ombro pra me apoiar...
eu vou continuar na estrada,
eu vou continuar a caminhar...














                                   
p.s. Um agradecimento especial pra minha prima,
longe ou perto, você é meu anjo.
p.p.s. Obrigado à minha família e amigos pelo apoio,
na ida, na volta e sempre!


Beijos sinceros...

1 de agosto de 2010

E no fim do verso a gente rima...



Felino
teu jeito dentro do corpo, 
magro, esguio, comprido
o olhar maduro,
o tom de voz galante
o sorriso elegante,
a tua alma de 
menino.

Planejado,
os teus movimentos,
teu jeito de chegar,
abraçar, falar, beijar
me levar a acreditar
me pegar, do avesso me virar
se passar por
namorado.

Amarrei
o teu nome no meu,
bati tambor, dancei pelado,
o incenso acabou
e a vela acendeu, 
Vendi a alma, fiz despacho,
me travesti, virei macho,
mas sou só mais um
gay.

Errado
foi tudo o que deu,
o feitiço virou
o oposto aconteceu,
de surpresa você me pegou
a ripa da minha estrutura
arrebentou, no final
faltou você, sobrou eu...
um mal amado.

Sina,
é o que a gente tem
esse nosso jeito certo
de se amar errado,
mas eu me viro,
escrevo, crio, te arrasto
de volta com a caneta,
e até me engano e acredito,
que lá no fim do verso, 
enquanto o mundo pensa inverso
a gente ainda se ama e
rima...






Notinha sobre mudanças: 

Passei todo o mês das férias da faculdade na casa dos meus pais, no interior, 
esqueci por um tempo o que era São Paulo, o que era a responsabilidade, 
e me enturmei novamente e me (mal) acostumei com a presença dos queridos, 
com o café da minha mãe e jogar mortal kombat com meu sobrinho. 
Agora as aulas vão voltar, e com elas aquele meu apartamento, a tal vida de 
universitário, espero que o tempo por aqui mais que me matado de mimos, 
tenha me (re)carregado. 
Saudades, ah... isso é meio que inevitável...


















p.s. voltar pra minha própria vida, me deixa mais romântico 
que o de costume, homens solteiros de sampa, cuidado haha

Beijos sinceros...

26 de julho de 2010

2 cálices, 1 Toddynho...




cigarro e uísque nas mãos
olhos distraídos
contrastam com ouvidos atentos
que ouvem o que diz a mente

é estranho se perder
viajar, imaginar
aquele que neste momento
talvez também esteja
tentado imaginar a gente

coloco nele um sorriso torto
uma voz marcante
sei que ainda está pra chegar
ele virá
e também irá partir...

suas pegadas ficarão na terra
e um dia ele vai (me) olhar
la atrás
vai voltar
 quem sabe....

já aprendeu antes de mim
a não chegar muito perto
evitar atalhos
cruzar caminhos

eu aprendi antes dele
a amarrar meus sapatos
a me virar sozinho

  juntos
serão dois cálices de vinho
dois pratos sobre a mesa
 degustamo-nos
amoras
champagne
toddynho
...


                                                                                                              

14 de julho de 2010

- O único ser possível...


"Nunca ainda aconteceu
De alguém poder me olhar.
E mesmo que não me vejam,
Ainda assim estarei lá.
- # -
Pois meu corpo é inspiração,
Por isso sou apenas legível,
E nestas letras tens a visão
Do meu único ser possível."

Roberto Rodríguez



Hoje, particularmente eu me descobri frágil, em um dia qualquer e sem nenhuma razão aparente, sempre minhas razões tem essa mania de serem irritantemente discretas. Acho que acordei triste, desapontado com alguém, com vários, comigo mesmo.
Me cansei de certas repetições.
Sinto que sou carne, sangue, ossos, amor e palavras, mas que apenas as palavras são legíveis, e o pior, visíveis. O resto, permanece embaçado, nublado e com propensão áreas de instabilidade.
Não ser visível. O sonho de muita gente. O pior pesadelo de tantos outros.
Já me senti invisível tantas vezes ao longo da minha vida. Não preciso nem voltar muito no tempo, pra me encontrar invisível em festas, baladas, bares, na Av. Paulista, na sala de aula, no trabalho.
Que sensação incomoda, estar ali, e ninguém levar em conta sua presença. Você fala e não é ouvido, você é visto mas não é percebido, e ao ir embora, ninguém dá por sua falta.
Que ironia esta. Em outros momentos da minha vida, eu daria tudo para estar invisível, mas não tive esta sorte. Desaparecer em momentos estratégicos deve ser muito bom. Não sei.
Aqui chove, estou deitado na minha cama, o edredom serve como  a capa filamentosa da minha metamorfose, a casca, e o casulo de um outro Roberto que cresce.
Um Roberto mais visível eu espero.
Até lá, cuidado com esse vazio despercebido que passa ao seu lado as vezes pela rua.
Pode ser gente. Pode ser até eu.



p.s. demorou um pouquinho pra mim voltar a escrever,
só posso dizer uma palavra em minha defesa: Férias!
p.p.s. senti falta de todos os meus queridos, são todos visíveis pra mim.



- Mamãe, não me perca na neblina! HahaHa
Beijos Sinceros...


27 de abril de 2010

Metamorfoses...

Acho que percebi finalmente,
que não serei diferente amanhã,
daquilo que já sou hoje.

Não mais do que tenho sido
após cada dia nesta cidade,
de vida esfregada em asfalto,
e após cada noite sozinho
de alma lavada em sonhos.

Não serei nem menos,
nem mais do que fiquei
depois de me descobrir
capaz de voar sem asas,
e de andar sobre as brasas
que eu mesmo ascendi.

De plantar as minhas rosas,
trocar o cabelo, a caneta,
o cheiro, e até o desejo...
no mercado negro da minh'alma.

De atacar a vida com meu carinho,
e de guardar no bolso a mão
e a vergonha.
E ter que engolir de vontade
três vezes o meu coração,
um pedaço de cada vez...

E nem sei se nasce alguma poesia,
desta imensa gritaria
com que castigo esse papel,
só sei que nele eu me gasto,
e me refaço do meu cansaço
de viver tentando dar sentido,
a tanta vida perdida.

É este "brincar com palavras"
que redime o meu dia.

Será isso poesia? Serei eu um poeta?
Pra mim, são apenas cicatrizes,
dores pouco, ou mal curadas
das minhas paixões sem diretrizes.

Por vezes eu vejo que rimam,
e as vezes elas riem de mim,
as palavras são as minhas borboletas,
sou delas apenas um jardim.

Roberto C. Rodríguez




p.s. Sonhei com você esta noite.
Queria que soubesse que mais que das coisas tidas,
doem dentro de mim saudades das desejadas,
e interrompidas.



22 de abril de 2010

- Por que?


"Eu não sei se quero fazer parte disso
Esse mecanismo está prestes a parar
É tanto desespero que o passo é impreciso
Esse mecanismo ainda vai degringolar
Me sinto perdido, andando em círculos sociais
Ser o que se espera sem ser previsível
Vai ficar díficil pro navio navegar
Se for só por vaidade peço pra anular o visto
Fogos de artifício também podem te queimar"

#Ludov




02hrs37 a.m.

Por que? Roberto, só me responda o por que?

- Porque não é mais o café da minha mãe que eu tomo ao acordar.
- Porque não é mais com ela que eu fumo ao entardecer.
- Porque eu não tenho aqui um sobrinho pra implicar.
- Porque eu nunca quis fugir de nada, pelo contrário, queria permanecer.
- Porque não tem ninguem que eu queira esquecer.
- Porque eu só tenho de quem me lembrar.
- Porque eu sinto uma dor aguda da ausência deles ao anoitecer.
- Porque eu me escondo de mim mesmo pra poder chorar.
- Porque tudo é diferente, os ônibus, o céu, até mesmo o ar.
- Porque o novo daqui, não é melhor que o velho de lá.
- Porque aqui não há irmã mais nova pra eu me preocupar.
- Porque ficou pra trás o bom gosto do meu pai pra se vestir, dirigir e falar.
- Porque eu não vejo mais aqueles olhos verdes me dizendo que tudo vai dar certo.
- Porque o cheiro de pós barba que ficava no final de cada abraço no meu amigo amado,
se transformou em palavras cruas em preto e branco no teclado.
- Porque não é mais o meu edredom que me abraça quando tudo da errado.
- Porque quando me olho no espelho, é o mesmo eu sem graça que retribui o olhar.
- Porque quando o filme chega ao final, eu sempre finjo que entendi.
- Porque estou tentando voar sem asas, e andar sobre brasas que eu mesmo ascendi.
- Porque eu segurei a minha vergonha na palma da minha mão.
- Porque tive que engolir de pedaço em pedaço o meu coração.
- Porque aquele casal amigo, se transformou num escapulário que me protege...
- Porque eu me sinto assim, meio herege.
- Porque as ruas em que antes eu caminhava mudaram totalmente de direção.
- Porque confundo os sinais, estou perdido andando em contra-mão.
- Porque sonhar foi o meu pecado nesta vida.
- Porque recebi por este pecado a penitência merecida.
- Porque me sinto cada vez mais despido do orgulho que antes me cobria.
- Porque há beijos que ainda não roubei, e na minha boca ainda estão meio pendurados.
- Porque eu disse que não precisava de flores e bombons, mas menti. Eu queria.
- Porque me envolvo sempre com loucos e/ou retardados.
- Porque tenho que me esforçar pra me (re)construir.
- Porque as bombas não pararam de cair.
- Porque não tenho nada a oferecer àquela alma que veio a esta vida me receber.
- Porque a minha existência permanece sem sentido.
- Porque faz falta nesse momento um ficante, um companheiro, um namorido.
- Porque eu estou vivendo um sonho e tenho medo de acordar.
- Porque não consigo enxergar agora o nosso futuro juntos.
- Porque o nosso passado foi mais fluido que o ar.
- Porque as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como as de lá.
- Porque os empregos em que me candidato, nunca sou contratado.
- Porque os homens que me tocam desaparecem sem deixar recado.
- Porque nem os empregos e nem os homens me dizem o que foi que eu fiz de errado.
- Porque subiu o meu peso na balança.
- Porque acabou o dinheiro da poupança.
- Porque as coisas não saem como eu planejo.
- Porque se existem possíveis saídas, porque só eu não vejo?
- Porque eu queria ter uma overdose de lazanha, mas tem a maldita caloria.
- Porque queria perder peso, e quem não queria?
- Porque queria rir, beber, comer, fumar, trepar, e disseram que posso fazer de tudo, menos aquilo que quero.
- Porque tudo aquilo que me faz bem, se tornou segundo plano na minha vida.
- Porque todos que amo estão longe, e tudo que temo está perto.

Agora eu te pergunto:

- Por que choras Roberto?




p.s. aos amigos, e a família.