4 de novembro de 2009

- Mi soledad siempre he pertenecido a ti... ♪





A vida vai se cercando, em círculos cada vez mais fechados, enquanto o corpo escapa da forma, o coração se aperta na garganta, e tudo dentro de você pede por um pouco mais de espaço.
Cigarros são acesos, devorados, e descartados.  Assim como eu ja o fui uma vez.
Vinhos são abertos, taças preenchidas, apreciadas, acolhidas dentro de mim.
Vou encharcado aos poucos meu coração, esperando que ele se acalme, que se entorpeça e para de buscar inutilmente, uma ultima corda, um ultimo fio, que o liga eternamente ao sentimento que ele foi feito pra sentir.
Mesmo que o ser humano que tenha ligado a chave do meu trabalhador coração, nem sequer saiba qual a verdadeira cor do meu sangue, disse-lhe que era azul como o mar,  penso que ele  acreditou.
Os deuses parecem se entreter assistindo minha vida se desenrolar, vejo seus olhos brilhantes, verdes mesclados de azuis me olhando lá de cima de relance, antes de se esconderem em um nuvem, ou outra, vejo sua íris na lua cheia, vejo-os tranformados em gatos, em pássaros, em sementes voadoras de dente-de-leão, em amigos, em pessoas entranhas, em homens lindos e cheirosos, vejo-os em toda a parte, me dando dicas, me advertindo, me incitando em direções, eles estão presentes sem dúvida, ouvem meus pedidos, e os atendem.
Mandam-me presentes, lembranças e vez ou outra, castigos, mas eu os aceito, afinal, os mereci. Os deuses são imparciais, justos. Por isso os adoro.
O vinho e o gudang descem queimando minha garganta no calor, mas eu amo o calor, é a única temperatura em que se é feliz sozinho, passar calor sozinho pode ser alegre se o céu estiver azul, ou estrelado, já passar frio sozinho, é uma dor aguda, doída dentro de si mesmo, a solidão é fria, fujo dela, abraço o calor, encosto o cálice gelado na testa para me resfriar um pouco, sonho com lábios que sei, jamais me tocarão novamente, mas minha mente imaginativa, transforma as goticulas do calice, na saliva destes lábios, e no calor, sentindo o vento artificial do ventilador, o gelo do vinho, o beijo do cálice, e o cheiro rescente do pós barba, os cravos do gudang, eu me sento e escrevo, sobre o que sinto, e sobre como o sinto. 
Afinal a vida é curta, mas não é pouca. Olho minha amiga Florbela e com seu sorriso dolorido de sempre ela me diz:

" E se um dia serás cinzas, pó e nada, faça da tua noite uma alvorada, saiba se perder, para então se encontrar Beto!"  

Eu sorrio sem graça, afinal ela é uma das deusas que me observa sempre, tão poderosa em suas palavras que muitas vezes me assusta, muitas vezes ja imaginei que essas palavras saiam de minha própria boca. 
Mas de minha boca, saem apenas coisas a meu respeito, afinal sou o assunto que conheço melhor.
Esta boca agora está com sede, e meu copo está vazio, esperando que mãos gentis, o encham de cubos de gelo refrescantes. 
Lá fora da janela, a minha vida continua mudando, tomando rumos que desconheço,  infelizmente chegou a hora de crescer, de parar de sonhar tanto, de viver acima de tudo, pois a realidade é muito mais interessante e difícil do que a ficção.
Tenho pra mim que as coisas mudaram, mas acho que fui eu quem mudou tudo, incluindo a mim mesmo.
Fazer o "agora" daqui pra frente, começar a trilhar meu caminho, com os dois pés no chão.



P.s. Meu vinho acabou.
P.p.s. A música no aparelho acabou.
P.p.p.s. O gosto, a emoção, o calor, o vento, 
e os sonhos permaneceram.


Um agradecimento especial, aos amigos, 
e as almas maravilhosas que conheço.
Presentes refrescante dos deuses, para este que vos escreve...




Beijos Sinceros.


4 comentários:

  1. Que texto delicioso de ler, se eu fechar os olhos, por pouco, consigo sentir o cheiro de cravo do gudang,e o gelado da taça de vinho...
    Muito bom¹²³ sem mais comentarios .Perfeito.

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  2. -

    ai, fio... se te disser que reconheci vários momemtnos da minha vida no seu texto, me diz o que, alice?
    só queria o seu gudang e o seu vinho... barato, caro... o que for. preciso disso um pouco.
    essa parte do calor lembrou muuuuuuito uma pessoa que me fez 'companhia' durante um longo e tenebroso inverno. =/
    só te peço, não pare de escrever... fora os que comentam, elogiam, e tudo mais... o movimento maior são dos paassantes da internet, e digo mais, como eu muitas pessoas mais se identificaram. ;)

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  3. Beto, Beto!

    Seu novo post ficou lindo demais da conta!
    Você usou umas construções muito lindas no seu texto!
    Eu amo ler, não sou especialista, nem me considero muito apto a julgar como quem entende do assunto, maaaaaaaaas acho que cada vez mais você está se superando e atingindo a meta de qualquer escritor de verdade: tocar no coração dos seus leitores.

    Continue assim... pois vou querer seu livro com dedicatória e autógrafo, daqui uns anos! =D

    Te adoro mtão (incluindo seus textos!)

    Parabéns!!!

    Bjo bjo

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  4. Tenho que discordar de uma coisa. Não há nada de agradável no calor. Você só fala isso porque não vive numa das cidades mais quentes do mundo, onde você acaba de sair do banho e já está suando, rsrsrs. Brincadeira. O calor tem lá seus atributos positivos. O problema aqui é que o calor exagera, e somos obrigados muitas vezes a fechar toda a casa por causa do barulho (como hoje, por exemplo, que é aniversário duma vizinha e desde bem cedo estão tocando músicas bregas em volumes estrondosos).
    Mas, falando do texto, acho que eu não teria muito mais a falar do que já falei no post seguinte (pois é, eu começo do posterior pra depois comentar no anterior). Acho que o seu eu lírico consegue extrair de situações comuns um ar trágico-romântico. Como nos filmes onde pessoas afogam as mágoas deixando as lágrimas caírem no cálice de vinho, que, quando é uma mulher, combina com os lábios carnudos pintados de vermelho e com o rouge. Sempre achei bonito essas cenas, situações, idealizações. Acho que é porque no fundo eu gostaria que a minha vida fosse como a dos personagens de alguns livros que já li. Mas quando caio na real (quando ponho os dois pés no chão, rs) e vejo que tenho contas a pagar e provas a passar (assim como você), me sinto um pouco deprimido. Minha vida semre foi tão monótona e previsível. Acho que esses romances não têm outra função a não ser nos deixar deprimidos. São como a droga do viciado. Algo que nos causa tanto mal e prazer ao mesmo tempo, sem o que não conseguimos seguir em frente.
    Enfim, outro post perfeito. Adorei, Beto.

    Beijão!
    Seu amigo,
    Léo! ^^

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