28 de março de 2009

os meninos (ode a homossexualidade) ♥

Seth Green - ator americano



" eu queria ter um amor nesta noite de lua cheia
para poder pensar um belo pensamento
escrever um poema de amor, e sussurá-lo apenas ao vento,
eu queria ter um amor de longe, certo e impossível,
para eu me ver chorando, e gostar de chorar,
e adormecer sozinho de lágrimas e luar..."

Roberto Torta ( aos 14 anos)

escrito para  Seth Green, meu primeiro amor 
extraído de um caderno meu da 8° série , 
e inspirado em Cecília Meireles.



As pessoas vão se esforçando cada vez mais para serem maiores,
atingirem maiores espaços, maiores olhares, crescerem para fora.
mas creio que eu sou diferente nesse ponto, ja nasci grande demais,
 meu esforço é difirente, quero diminuir-me.
crescer para dentro, e preencher os espaços que estão vazios dentro de mim,
não julgo os que inutilmente se esforçam para crescerem para fora,
vejo tantos, todos os dias, de maneiras diferentes, porem iguais e, em certas horas, 
até o rosto que eu vejo no espelho há 21 anos quer crescer um pouco pra fora também. 
vejo garotos e meninos, que se esforçam para serem homens, e agir como tal,
num mundo onde somos estranhos e mal vistos, principalmente por nossos próprios olhos,
escondidos daqueles que mais amamos, com medo de ferí-los com nossa dura realidade,
então damos duro e fazemos o melhor que podemos, alguns se trancam, e se limitam
a viver duas ou cinco vidas, uma como pai de familia, outra como filho exemplar, 
e outra ainda como menininha transando com um garoto de programa qualquer, 
que por sua vez é apenas um menino também, que tentando crescer pra fora...
somos todos meninos, erramos e acertamos por amor, o mais simples e puro amor.
vejo os meninos-homens nas academias, tomando suplementos (os magros), 
e anfetaminas (os gordos), todos trabalhando para poder sustentar suas vidas simples, 
e comprar boas roupas e assim esperar que o principe encantado chegue numa noite qualquer
então vão há um bar GLSBTVD, (já que não podemos todos ser considerados homossexuais,
temos que nos dividir mais ainda, e cada vez vamos nos dividindo e dividindo e dividindo...)
esses meninos colocam suas melhores roupas e passam o dia sem comer, 
e vão ao barsinho mais próximo, e veja que incrivel, 
estão procurando pelo mesmo que todos os outros,
procuram por amor, por carinho e por aceitação, cada um ao seu jeito, 
e eles vão sorridentes e com amigos, e riem e dançam e bebem, e encontram alguem, 
e então se beijam, e a química entre dois corpos iguais é enorme e fervescente...
mas ninguem os ensinou como lidar com essa química que pode ser maravilhosa,
esses pobres meninos, não tiveram exemplos, não puderam jamais expressar seu amor,
não puderam mandar bilhetinhos, ou dedicar musicas nas radios das escolas,
não puderam dar seu primeiro beijo na frente do melhor amigo, ou mesmo
escrever o nome da paixão com caneta bic no braço durante a aula de matematica, 
eles não puderam nem colocar um poster de seu ator/cantor favorito na parede do quartoo
ou juntar fotos deles numa pasta cheia de corações e declarações de amor...
nem ao menos puderam sonhar em beijar tal ator uma única vez,
pobresinhos, eles não tinham um diario pra confessar o nome do seu amorsinho platônico,
e nem perguntar para a mãe ou para o pai como é o primeiro beijo, ou o primeiro amor...
sempre fugiram de tudo isso, e assim foram crescendo, com tudo escrito, rabiscado, 
beijado e confuso dentro de si,
e é dificil colocar essas coisas pra fora depois de tantos anos perdidos,
e sem se conhecerem eles se amam, e se beijam, e se chupam e gozam, e nunca mais se vêem.
até que durante a próxima semana, continuem malhando, continuem tomando suplementos, 
e anfetaminas, e continuem comprando suas roupas de marcas, 
e trabalhando, e sonhando com um amor... 
Pobres coitados que não aprenderam a amar, e demorarão muito talvez...
eles confundem seus desejos, e suas libidos, e seus sexos, e confundem tudo
pois nunca tiveram ordem, paz ou aceitação... mesmo os mais aceitos se sentem culpados
por possuirem uma paz que os outros não tem, e assim todos eles 
carregam sozinhos seus próprios demônios, e mesmo os que se unem em casais, 
não conseguem se encontrar, e se expressar tão bem quanto os outros pensam,
vivem juntos e vivem sozinhos,  carregam um mundo inteiro dentro de si
e um peso enorme nas costas... sempre sozinhos de alguma forma..
outros sofrem e lutam muito na vida, e crescem e ficam ricos e famosos, e bem vistos,
críticos de arte, artistas, almas sensiveis mas que se cercam do narcisismo e da futilidade
precisam se amar, precisam aprender, e precisam impor esse amor próprio 
como uma ditadura a todos, e se tornam meninos arrogantes e monstruosos, 
daqueles que dá medo só de olhar, mas na verdade, os mais inteligentes, 
assombrosos, são os mais medrosos, pobrezinhos²,
se defendem do amor, e do carinho, se cercam de arrogancia mas querem a simplicidade,
foram longe demais e não sabem como voltar, ninguem os ensinou isso também...
como disse no começo, meu sonho sempre foi crescer para dentro, 
me diminuir, cada vez mais...
me tornar transparente, cor de gelo, como um ser feito d'água cristalina.
eu sou só mais um menino como todos os outros que conheço e conheci...
um menino que não teve muitos amigos sinceros na infancia, 
que brincava de LEGO sozinho e sonhava em beijar seu amigo ricardo, 
e escrever o nome deste no pulso com a caneta bic azul,  
que gostava de X-MEN e lia sempre, e  não perdia um episodeo sequer de Buffy, 
a caça vampiros,  só para ver seu ator favorito e amor platônico (secreto), 
Seth Green, se transformar em um lobisomen do bem, 
lindo, roqueiro, guitarrista de cabelos roxos e óculos...
mas esse menino foi se libertando e crescendo com o tempo,
 foi sendo aceito e aceitando os outros também, mas que ainda tem muitos beijos
não dados, e rabiscos não rabiscados dentro de seu coração, 
e assim anseia desesperadamente amar,
mas não consegue amar ninguem, é dificil para ele amar até a si mesmo,
e inveja os meninos que cresceram, que são artistas, que são cults, que são alguma coisa,
ja que eu? eu sou só um menino que quer implodir,
e ir cada vez mais para dentro, 
e assim do avesso sair para fora de novo...
continuo aqui, saindo e andando pelas ruas desse mundo, 
acreditando nas coisas sobrenaturais e acima de tudo, no amor,
acreditando que encontrarei um super herói disfarçado, 
com óculos de grau e cara de rapaz comum da cidade que senta do nosso lado no ônibus,
desses que eu podia ter conhecido sem querer qualquer dia desses da minha vida, 
quem sabe...

pobres meninos como nós, a sofrer e sonhar com amor até a morte,
e talvez algum dia, não ser mais assim, sozinho.



6 comentários:

  1. que lindo, não sei nem o que comentar D':
    'a sofrer e sonhar com amor até a morte,
    e talvez algum dia, não ser mais assim, sozinho'
    não tem haver apenas com 'meninos'
    :(

    (...)

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  2. Enquanto o amor não vem, somos escravos da própria alma desesperada. Ela nos chicoteia, nos aponta. É o mais cruel dos nossos carrascos. A inquisitora mais verdadeira. É o espelho mais terrível de se mirar por inteiro porque nele vemos nossas piores mazelas.
    belo post...ti amu

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  3. ...Acredite,é quando paramos de procurar pelo amor, que ele, danado, acha a gente!!!
    Lindoooooooooooooo Post!!!!
    Bjussssssssssssss

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  4. Liberdade de escolha. De movimento. De pensamento.
    Uma alma livre de conceitos. E tão cheio de vida.
    Cheio de Voce!

    Parabéns!

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  5. Bem, Beto, eu li seu texto duas vezes. E eu realmente não sei o que dizer. Poderia dizer que o texto está bom, bem escrito, que descreve de determinada forma a realidade. Mas praticamente todos os seus textos tão bons. Então desse vez não vou me alongar muito, e só vou dizer que, definitivamente, esse texto servirá como um consolo, como uma ajuda, como um ombro a todos os que estão sofrendo pelos motivos acima citados.

    Esse texto me trouxe reflexões que há tempos não fazia. Adorei.

    Abraço!
    Léo! ^^

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