26 de julho de 2011

Eu, sozinho.


"Eu ando sozinha
ao longo da noite.
Mas a estrela é minha."


Cecília Meireles


Todos sentem a solidão, a ausência de algo diferente de si ao redor, a minha é apenas um pouco mais acentuada, uma solidão preenchida, um excesso de mim mesmo.
Sobrevivi a minha companhia e me tolero com grande habilidade, em dias bons, pontuados de delírios de satisfação, chego a amar-me, é um amor arranhão, bem de leve, para então novamente, o constante desconforto. Olho-me, sorrio sem jeito, como se eu mesmo pedisse "com licença" e sentasse eu meu próprio lado no ônibus, para logo em seguida, me ignorar.
O que me deixa mais sozinho, é a estranha sensação de estar o tempo todo na companhia da única pessoa capaz de mudar a sorte da minha felicidade ou infelicidade, eu.
Gosto de me ocupar na minha solidão, como quem arruma uma prateleira, nestas ocasiões raras onde o impulso inicial é ordenar as coisas, nossa atenção acaba sempre se desviando para lembranças, livros, objetos ali esquecidos há tanto tempo... Já eu, costumo me desviar para uma vida que não seja a minha, e me ocupo dela, gosto disso, de colocá-la em ordem ou de desorganizá-la de vez, e então volto sozinho, sempre.
 
Se não acho caminhos, me perco sozinho,  se refaço o caminho, caminho sozinho.


2 comentários:

  1. "Só numa multidão de amores", dizem, referindo-se a Maysa. Esse é um exemplo claro de como a solidão pode ser (e geralmente é) poética. A supremacia dela, entretanto, gera tristeza. Não há uma medida ideal de solidão. Cada um sabe quanto dela consegue suportar. O que quer dizer que pode também trazer benefícios. Na solidão nos conhecemos e aprendemos a lidar com nós mesmos. Mais do que isso, a solidão, anexa à reflexão (o que, de certa forma, poderia resultar em asceticismo), as vezes é capaz de responder perguntas que ninguém mais pode. Lembre-se de Arquimedes e o episódio da coroa. Sozinho, na banheira, a resposta para o impasse acerca da legitimidade do material com o qual o utensílio real fora fabricado se lhe apresentou.
    Aprende-se a gostar da solidão com o tempo, e com mais tempo, aprende-se a repartir a alma entre a solidão e a coletividade. Aproveita esse momento e se expressa em palavras. Me disse o Bruno uma vez: "Na escrita, 10% é inspiração, o resto é transpiração".

    Au revoir. ^^

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  2. Não quero ter certeza
    Nem decidir-me por nada
    Quero navegar em águas mansas
    Não quero mais o gosto do enjôo na boca
    As turbulências, por hora, não me atraem mais
    Já me adaptei a minha prisão de pensamentos,
    Me deixa quieta
    Para que eu possa me achar.

    Beijos poeta!
    Saudades

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