26 de março de 2010

O Mal-amado...



"Mal amado é? Humpf!"


Francamente espelho meu, porque me sinto assim tão desconfortável?
Acho isso tão estranho, mas confesso que o que me incomoda mais, não é o meu desconforto em si, mas o conforto dos outros.
Mal-amado é? Meu cú!
Vejo tantos homens, com tantas formas diferentes desfilando por aí dentro de seus corpos, ajustados, confortáveis, com movimentos leves, seus pés sequer tocam o chão.
Se olham no espelho, e gostam daquilo que vêem lá dentro, ou pelo menos não se importam tanto.
Se ao menos este meu desconforto fosse algo mais coletivo, eu me sentiria um tanto melhor.
Não entendo ainda o que se passa comigo, porque me sinto assim tão desconfortável, sempre insatisfeito, sempre desviando o olhar do espelho, ou olhando fixamente para ver se algo mudou, uma mudança milimétrica ja estaria de bom tamanho.

" Ai doutor, to muito gordo, to parecendo um rinoceronte amestrado!"


Mas não, não acontece porra nenhuma, é sempre o mesmo tonto me olhando de volta.
Estou por aí sempre querendo me diminuir, sempre me aquietando, quando de fato deveria estar verbalizando, passando vontade e depois me arrependendo, quando o mais fácil teria sido ao menos tentar, passando fome quando a minha vontade era de me esbaldar, comer e comer por mim, pela Etiópia e pelam torcida do Corinthians, ficando sóbreo quando queria me embriagar.
Pro inferno todos eles, se é que de fato existe um "eles".
Quem é que vive por detrás destas pupilas, e faz todos estes (pré)julgamentos? Quem é que deseja? Quem é que proibe? Quem lhe diz o que é bonito? E o que é feio? Quem sofre no final? E por quem?
Roberto, meu caro, lhe darei dois conselhos para você levar por toda a sua vida:

1° Escute apenas a si mesmo.
2° Jamais escute a si mesmo.

Entenderam?
Nem eu.

"Mas nem pagando, os bofes tão me querendo!"


Andei aqui pensando mais um pouco sobre este lance de ser o mal-amado, a persona non grata, o vilão da novela do Manuel Carlos que quer destruir a pobre (Leblon? Pobre? Ahãm Claudia, senta alí...) e voluntariosa Helena.
e ja que a carapuça me serviu muito bem, e estou contente com este meu papel de mal-amado, aí vai mais uma revolta, ou várias revoltas tudo junto e misturado:
Os casais.
É claro que existem dias em que acordamos querendo ser uma mistura de Madonna, e Bradd Pitt, e nos frustramos quando vemos que estamos mais pra Geisy Arruda misturada com Netinho, mas não tem problema, é normal acordar 20%, achando tudo uma grande palhaçada, sem paciência, sem porra nenhuma.
Por exemplo, eu nunca fui convidado pra uma festa que tivesse pilhas, e mais pilhas de Ferrero Rocher, o que me causa uma grande revolta. Eu também nunca ganhei um Ovo de páscoa de um pseudo-namorado, ficante ou tico-tico-no-fubá que tive, nem um ovo desses chocolates de guardachuvinha, o hidrogenado.


" Doutor, me veja uma fórmula,
um moderador de apetite de elefante, um veneno, qualquer coisa!"


Fora que utimamente tem acontecido um Poltergeist na minha vida, verdade. Um Alienígena filho-da-puta que não tem nada de fofo como no filme E.T., entrou na minha casa durante a madrugada e desregulou a minha balança, só pra rir com a porra dos amigos et's dele, lá no bairro dele em Marte, ou na puta que pariu, olhando pra minha cara de babaca ao constatar que do dia pra noite contrariando todas as leis de Newton e o caralho a quatro, eu engordei 5kgs, numa espécie sádica de Big Paspalho intergalático.
(Bem, pelo menos essa é a minha teoria pro mistério da balança desregulada que ronda a minha vida.)
E ainda tem gente que pergunta:
- Desde quando você faz regime?
- Desde que sou gordo caralho!

Agora me fala se depois de tudo isso, de tanta insatisfação, eu sou obrigado a encarar duas horas dentro de uma lotação literalmente lotada, pra chegar até a minha faculdade pensando no porre de aula lazarenta que vai ser aquela cheia de pseudo-filósofos querendo aparecer um mais que o outro, citando frases famosas de ilustres desconhecidos, e dizendo que Van-Gogh era conhecido SIM em sua época, mesmo que em vida o desgraçado não tenha vendido sequer um quadro!!!
Enfim, minha mente dentro da lotação ja vai matutando tudo isso quando olho pro lado e tem dois panacas se catando, e não é aquela catação periguete não, os filhos da puta tem a cara de pau ainda de ser romanticos.

PUTA MERDA! ASSIM VOCÊS ME FODEM!!!

"Ai, vou tomar um Baygon, o Baygon sempre ajuda nessas horas dificeis!"


Olhinhos brilhantes, juras de amor, mãos bobas, aquela carinha de tapada, aquela carinha de futuro pai de familia, aquelas vozes afetadas como se estivessem conversando com uma criança da Apaee, aqueles apelidos tontos, esses dois imbecis formam uma raça que desprezo:
Os casais.
E é nesses momentos, que eu renuncio ao meu paganismo, e clamo a Jeovah, a @Ocriador, e até a @Nossa_senhorita num momento de profunda fé e devoção cristã, que eles enviem mais um dilúvio para que então uma Arca 2.0 leve todos os casais embora da minha vista, e deixassem mais uma vez só os solteiros se acabando na chuva aqui do lado de fora.
(Sou paulistano, estou acostumado com chuva!)

"- Esse Baygon tá mais parecendo água-de-xuca!"


Droga, acabei de voltar da padaria onde comprei uma vodka, e todo mundo ficou me olhando torto, só porque nem são dez da manhã ainda. CARALHO, quer dizer que não posso beber?
Ainda o guardinha da guarita do meu prédio disse:
- Mas ja foi bebê?
Numa demonstração crônica de uma intimidade que nunca havia lhe dado.
Dei um sorrisinho amarelo pra ele, mas minha vontade mesmo era ter sido malcriado e respondido:
- Ja fui bebê, ja fui criança, e agora sou adulto!
Meu cú! Preciso de duas coisas, um cigarro e uma boa desculpa pra parar de escrever bobagens e ir cuidar da minha vida...
O cigarro ja está aqui, e como boa desculpa por enquanto eu não tenho, ja que minha vida não anda muito lá essas coisas, vou inventar uma, e vocês façam de conta que acreditaram e somos todos felizes para sempre:





Galera, uma olvelhinha acabou de cair
dentro de um lago aqui perto,
e está encolhendo,
vou lá salvar ela!!!





Beijos sinceros de um homem mal-amado.

hehe


9 de março de 2010

- Contemplação...




"A pureza é a capacidade de contemplar a mácula."
Simone Weil



- O sexo-oral cura a depressão!

Sem hesitar, esta seria a resposta que eu daria a qualquer um que viesse me pedir conselhos (sinceros) sobre o amor e seus derivados, bem, isso é, até um certo tempo atrás.
Provavelmente porque eu saiba mais sobre sexo oral, (tanto na teoria quanto na prática) do que eu sei sobre amor, este desconhecido...
Mas as rodas que movem meu ser giraram bruscamente, e agora a minha vida inteira se encontra cercada por esta palavra: Desconhecido.
Desconhecido, medo, mudança, excitação, esperança.
Palavras tão paralelas quanto intrinsecas na minha atual realidade.
Talvez eu seja apenas o tipo de homem que cansou de esperar pela primavera prometida, e decidiu se apaixonar num rigoroso inverno. Não com menos intensidade.
"Paixão requer paixão, fervor e entrega, que com fervor e entrega se recompensa." Ja diria Bocage.
Mas vasculhando exatamente agora (03:29 a.m.) os meus arquivos amorosos, vejo que apesar de ter meus 23 anos de idade, eu não possuo um curriculum amoroso muito invejável.
Sinto como se tivesse trabalhado anos, e a minha carteira jamais tivesse sido assinada.
(Boa analogia!)
É como se mesmo tendo perdido a virgindade aos 17 anos, (Nossa só faz seis anos que estou no mercado?), meu coração, ou pelo menos um pedaço dele, livre de artérias entupidas devido aos cigarros, bebidas, sedentarismo e doses diárias de gordura, permanecesse virgem. Intocável eu diria.
Com certeza, se nesta noite você colocasse o meu coração no seu ouvido, você ouviria o oceano.
Pode parecer até um pouco estranho eu me encontrar na maior cidade da américa latina, e ainda assim, me sentir sozinho.
Mas nada agora consegue parecer mais solitário, que um moço de vinte e poucos anos, sentado no meio da madrugada, sozinho, nas escadas de incendio de seu prédio, com um copo d'água, um caderno, uma caneta azul e um maço de cigarros.
Agora minha família, meus amigos, minha antiga rotina, meu antigo emprego, minha antiga faculdade, estão bem guardados em um local secreto, que apenas eu conheço, e acesso através da memória e do coração quando preciso desse background pra conseguir (sobre)viver...
Eu morei em São Paulo até meus 14 anos, uma idade muito besta para se viver em São Paulo com pais protetores como os meus.
Eles zelavam por mim, e naquela época, eu ainda não era tão fã do mundo e da minha liberdade para lutar por ela.
Foi quando nos mudamos para o interior de São Paulo (Mais especificamente Jaú, localizada no centro-oeste paulista).
E foi lá que eu tive um contato maior com coisas como liberdade, responsabilidade, aceitação, amizade, e a mais incrível de todas, a intimidade.
E aos poucos o Roberto recluso foi saindo pela minha garganta, bebendo, fumando, beijando, transando, se drogando, amando e vivendo.
E quanto ao "amando", o que levo até hoje como bagagem?
Acho que o mais triste de ter amado, é ter aprendido com o amor.
O amor pra mim se tornou muito racional, muito racionalizado, analizado e compreendido.
O que faz com que ele perca um pouco a graça de ser buscado e vivido, ja que a graça do amor é que ele é etéreo.
É como um quadro de Pollock, que ao invés de contemplado, é analizado, quando não há analises a serem feitas, ele deve ser observado apenas, e de preferência em silêncio.
(Fui trocar o copo d'água que estava bebendo por um de Vodka, acho digno e elegante.)
Voltar para São Paulo, em teoria deveria ser mais fácil, do que deixá-la da primera vez, mas não funciona bem assim.
Sentia que São Paulo iria ser minha novamente, o lugar onde moraria, onde estudaria, trabalharia, onde viveria, transaria, amaria, e acima de tudo: um lugar que me acolheria.
Finalmente o filho pródigo retorna a sua cidade natal!

"Aham Cláudia... Senta ali..."
@XUXAVERDE

Desde que me mudei pra cá, só pude perceber uma única coisa:
- São Paulo N-Ã-O é nem um pouco como eu me lembrava!!!
Assim que pus meus pés aqui neste chão, ele se afundou ao meu redor como um enorme tanque de areia movediça.
As rotinas diárias, os onibus, o transito, a correria, a falta de tempo, as preocupações diárias, etc...
Era como se tivesse ligado meu piloto automático de ser humano, como se tivesse ficado invisível.
Poderia jurar que as pessoas ao meu redor não esbarravam em mim, me atravessavam, (Exceto é claro, os Hare-Krishina, que com o terceiro olho conseguiam me enxergar no meio da massa, e vir ao meu encontro pra tentar me vender seus livros! Arsgh!!!).
Ja visualizava a cena em que meu corpo seria encontrado depois de quinze dias, por um vizinho, e já estaria semi-devorado por um pastor-alemão.
Acho tão fútil e ridículo admitir isso, mas de fato é que eu queria ser Visto!
Não digo no sentido de reconhecido, cantado, admirado. Apenas Visto.
Comentei isso com meu avô que ja beira os 89 anos, e ele me sugeriu ir na praça da Sé pelado plantar bananeira enquanto grito: "Eu sou rico!"
( Mas acho que ainda não cheguei a tal ponto, acho... rs)
Esta sensação de ser apenas um rosto na multidão, um número no censo populacional é deveras apavorante pra mim.
Talvez a metáfora mais correta para o que eu sinto, é que não quero ser visto, quero ser lido!
Exatamente!!! Como não pensei nisso antes?
Quando leem meus textos, ou qualquer coisa que eu escrevo, eu sinto que existo, sinto que estou ligado e ativo.
Apenas gostaria de transferir esta sensação do virtual para o real. Seria lindo.
Mas São Paulo é uma cidade cheia de surpresas, e ainda me reservava algumas para o final de semana.
Talvez os deuses tenham ficado temerosos de me ver pelado plantando bananeira na Sé gritando mentiras sobre minha vida financeira como aconselhou meu avô, e me enviaram uma Luz.
E foi no coração da cidade, em plena paulista, numa tarde ensolarada que São Paulo se tornou mais aconchegante para mim, acho que de uma forma doce e sutil neste final de semana, eu fui forçado a parar de tentar racionalizar São Paulo, e apenas contemplá-la, em sua beleza, em sua história, em sua verdade.
E a cada segundo que passava desta viagem (interior) maravilhosa, eu agradecia a minha total ignorancia em relação a minha cidade natal, porque a cada quadra, a cada esquina um mundo completamente novo se abria diante dos meus olhos.
O café, a livraria, o barzinho de jazz, o sofá do frank sinatra, o bar onde a Ellis se apresentou pela primeira vez, a companhia agradável, se uniam na minha frente e formavam o quadro surreal mais lindo que havia visto.
Acho que o momento que mais me marcou foi a Livraria.
É inenarrável o que eu senti naquela hora.
Pilhas de livros, montanhas de livros, cascatas de livros, livros, livros e mais livros.
Compraria todos, trabalharia lá de graça, até moraria lá, tipo a Pícara Sonhadora rs.
Para onde quer que eu olhasse, livros me esperavam anciosos para serem folheados, abertos, admirados.
E por um momento eu me senti como um daqueles livros.
Um homem sozinho em uma cidade grande esperando ser lido.
Um livro sozinho em uma livraria imensa esperando para ser lido.
Mas se eu fosse um livro naquele lugar, que livro eu seria? Que espécie de livro seria, que capa teria? E o tema?
(Pela minha situação, diria que estaria na sessão de auto-ajuda, ou no meu caso, auto-ajude-me!)
Como homem o que eu tenho a oferecer? Como um livro o que eu tenho para se ler?
Seria um livro que fala sobre o amor mas não poderia jamais vivê-lo, ou um homem que vive o amor sem conseguir compreende-lo.
Um historiador da arte? Um moreno? Um tatuado? Um universitário duro? Um cara tímido?
Talvez eu escolheria Monet, para ser meu ilustrador.
Pinceladas embaçadas, cores frias e suaves, formas levemente distorcidas, mas extremamente agradável de se ver.


Agradabilissimo de se ver...


De fato, não tenho a menor idéia.
Ja está bem tarde por aqui, acho que vou contemplar São Paulo mais um pouquinho antes de dormir, e tomar um engov porque a vodka não está descendo redondo.
Um gaúcho lindo e muito mais paulistano que eu me disse que o relógio/temperatura da paulista pode ser visto de qualquer ponto da cidade, adoraria conseguir enxergá-lo daqui agora.
(O relógio???) rs





p.s. A frase inicial deste post não é totalmente verdadeira,
ja que quem recebe o sexo oral é que se sente bem,
o chupador continua depressivo. rs.

p.s.s. São Paulo está digamos, mais gostosa.



Contemplem meus queridos, contemplem em silêncio.
Beijos sinceros!