17 de novembro de 2010

Abissal



Sou um homem banal,
que abraça as quimeras, que vive em outras esferas, 
se recorda de outras eras,
que foge do real, mata gigantes de pedra e teme o imaterial, 
Um puro equivocado, daqueles que nunca foram destilados, 
daqueles pra quem o acaso,
está longe de ser mero acaso, 

Sou covarde, um homem fatal,
fatal para si e para aqueles que se encantam com meu mal,
um fumante viciado em tragos, não em cigarros.
Um alcóolatra da fantasia, um exaltado, um exagerado, 
que sente tudo vezes dois ao quadrado.
Tento, tento e não consigo. Giro nas rodas do destino, 
dou 360º e volto do principio.
Os Deuses riem de mim, e nos meus melhores dias eu riu também.

Sou aquele que não é preferido, mas nunca é ignorado,
sou o mais ou menos, 

Não sou motivo de orgulho nem pra mim nem pra ninguém, 

Faltou algo no meu leite, pulei a fase de édipo e narciso, 
fiquei meio indeciso quanto ao que sou.

Não sou nada, é o que aprendi, quanto menos eu sinto, melhor fica existir.
Sou um quebra cabeça sem canto, uma cabeça quebrada sem juízo, 
sou o único causador e a única vítima do meu mal.
Sou o Príncipe do meu Reino Abissal.


p.s. um sapato, será sempre um sapato
mesmo feito de cristal encantado.
p.p.s. e os sonhadores devem sonhar apenas dormindo,
pois os sonhos não devem existir quando se está acordado.





2 comentários:

  1. Cara, há um tempinho (tempinho mesmo, não é eufemismo) acompanho teu blog. Já estava ansioso pela sua próxima postagem. É claro que o elogio do Leo foi demais (ele é generoso e justo com bons adjetivos) mas seus textos são muito peculiares. Fazem ver as coisas de outro ângulo. Adorei o poema e todo o caos de caixa de pandora que ele evoca, tanto pelo texto como pela imagem. Mas o "p.p.s." chamou mais atenção... Nunca lhe ocorreu que um sonhador pode estar sonhando quando pensa estar acordado?
    Um abraço e parabéns pelo trabalho.

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  2. Oi amor!

    Ficou um luxo esse blog repaginado.

    Bjs

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