2 de setembro de 2009

Um Namorado para Fortuna...




- Miguel ? 

- Hã?

- Por quê você desvia tanto o olhar?

Um sorriso torto, mostrando seus aparelhos inferiores apareceu subtamente. 
Fortuna percebeu que ele não havia compreendido a grandiozidade que estava oculta naquela simples pergunta, principalmente, o enorme valor que uma mulher de imaginção extremamente ativa e fértil como ela, daria a resposta dele. Pelas palavras que sairiam a seguir da boca dele, ela poderia desvelar que tipo de homem ele era, e principalmente, que tipo de homem ele seria com ela.

- E você hein? Por quê desvia o olhar?

Isso.
Foi apenas isso que ele respondeu, nada mais.
Ele estava sorrindo ainda, como se ela apenas o tivesse questionado sobre esta ou aquela marca de cerveja. Idiota, retardado, pensava. Mas na realidade, Fortuna não sabia o que responder, nunca tinha lhe passado pela cabeça até então, a hipótese de que ela também, as vezes, desviava o olhar.
E porque diabos ela estava fazendo isso? Pelo visto estava desviando o olhar fazia tempo, e com muita frequencia, para que um homem desligado como Miguel, percebesse. Ou talvez ele apenas estivesse brincando, chumbo trocado não dói, mas parando um momento para pensar, se ela realmente estivesse desviando seu olhar do dele, era apenas porque tinha medo de altura.
Tinha medo de cair de uma só vez para dentro dele como já havia feito tantas vezes antes, com outros. Ela percebeu que o fato de Miguel ser professor de cartografia, fazia com que ela encontrasse em seus olhos castanhos, certos dezenhos que lembravam a ela montanhas, cordilheiras vistas do alto, talvez ela estivesse desviando seu olhar para amarrá-lo em alguma pedra sólida no chão, e então assim talvez, escapar de um possível amor, se salvar. 
Mas agora, nesse momento, deitada no capô do carro antigo dele, sentindo o perfume masculino, e um leve cheiro de loção pós barba no ar, ela contemplou toda a simplicidade e força de um momento mágico como aquele, pela primeira vez, ela estava tranquila, calma, não estava esperando nada, apenas o estava aceitando, aos poucos, aceitando o homem que ele era, com um senso de humor tranquilo e até doce algumas vezes, e todo o corpo dele era de certa forma doce, e gostoso de ser acariciado, tocado, sentido e até degustado. 
principalmente seu olhar, não poderia ser mais enigmatico e sincero. um olhar cru, em carne viva.


Ela havia deixado de ser a menina branquela de nome incomum, para se tornar uma mulher, madura, centrada, e principalmente: Incerta.
Havia recebido um homem. Não um garoto, mas um homem, inseguro, inexperiente em alguns pontos, porem ele era a mistura de tudo aquilo que ela havia visto em propagandas da televisão,
ele bebia cerveja, jogava futebol com os amigos aos finais de semana, tinha um emprego de segunda a sexta, fazia faculdade, tinha carro, usava bermuda e havaianas, ou calças jeans e tenis, a barba as vezes por fazer, e as vezes bem feita como naquela noite, o chiclete de menta, os pelos no antebraço, nas cochas, e alguns no peito, ele era um homem. Adulto.
Então naquele momento, lhe faltaram pedras para se segurar. 
Olhou atentamente ao seu redor, e viu uma simples e alaranjada margarida, ele havia arrancado a florsinha do canteiro da mãe dela, quando parou o carro em frente a sua casa e disse, com um sutaque caipira que ele desarticuladamente desfarçava"Tó aqui prô Cê!"
Ela escutava sua voz, e sentia como era grossa, rouca e masculina, sem dúvida ele recebeu uma alta dose de testosterona na puberdade, o que contrastava com seus traços de menino, seu jeito de vestir, e de se portar à mesa.
Tentou parar de devaniar, como sempre fazia, se pegando aos detalhes.
Precisava se focar no que de fato estava acontecendo naquele momento, sobre o capô daquele carro.
se agarrou à margarida, e tentou não pensar nas paisagens que estavam dentro daqueles olhos castanhos curiosos, que não paravam por um minuto sequer de fitá-la:

- Ah, bem, porque sou meio tímida.

Ele riu alto, afinal Fortuna era a rainha das respostas feitas e complicadas. 
Pela primeira vez, uma frase curta, simples e direta havia saído de sua boca, 
e isso deixou até mesmo ela preplexa, mesmo que esta frase seja apenas um disfarce para toda a confusão que acontecia dentro dela.

- Meu bebê! disse ele, colocando seu braço por debaixo da cabeça dela, e trazendo ela para mais perto.

Ela pousou a cabeça em seu peito.
Tarde demais. Estava Apaixonada.













p.s. Este é apenas um trecho de um romance que estou 
escrevendo de uma forma bem lenta e amadora.
p.p.s. inspirado em lições de vida e em todas as Fortunas que conheço por aí.
p.p.p.s. se um dia ele passar pela minha crítica pessoal, tentarei publicá-lo.

beijos sinceros.







5 comentários:

  1. "Fortuna"Que nome incrivel...(Fotuna é Roberto Torta, versão feminina,)ler só um pedacinho,da uma senssação de quero mais...eu amei a definição dos olhos castanhos...sabe que eu sou chegada em olhinhos castanhos e desviar o olhar é inevitavel da medoo!(não vem ao caso rs)...
    Pois bem...
    Ser romancista é saber que “dentro de nós somos muitos”. Para mim, o romance é uma espécie de “esquizofrenia autorizada”.e vc é o meu esquizofrenico sexy de olhos castanhos!!!(essas horas eu me pergunto onde é que foram parar os professores de olhos castanhos para me fazer encontrar certos dezenhos que lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto?)lindo romance! Eu compro! bjumiliga:)

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  2. Simplesmente explendido!
    Adorei, achei lindo *__* e por favor, quero ler tudo quando vc terminar, ok?
    Orgulho de ter vc em minha vida :DDDD rs
    ♥ Te amo gato
    :*

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. M.A.R.A.V.I.L.H.O.S.O !!!
    Ainn que lindo.. quero +++ .. hehe
    AmOOoOooOo você!!

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  5. Que coisa estranha senti ao ler este post. Uma mistura de nostalgia duma coisa que nunca vivenciei misturado com amores que nunca tive. Eu sou extremamente romântico (em todas as vertentes, inclusive, e principalmente, a pessimista). Esses contos me deixam balançados. Sinto ódio e invejas de personagens que encontram os amores de suas vidas enquanto eu me apaixono por um milhão de pessoas diferentes e jamais sou correspondido.
    Tem uma música da Dido cujo refrão diz:

    "If I don't believe in love
    Nothing is good for me
    If I don't believe in love
    Nothing will last for me
    When I don't believe in love
    Nothing is new for me
    Nothing is wrong for me
    And nothing is real for me"

    Será por isso que sou tão azarado? Se eu lhe contar um espisódio que me aconteceu essa semana, acho que você vai rir. Conheci uma criatura na rede. Conversamos pouco tempo. Mas eu praticamente caí de amores por esse ser. Acabei falando o que estava sentindo. Nunca obtive resposta. Nenhuma palavra. Depois lhe mando uma cópia da declaração.
    Mas o fato é que eu acredito no amor. Acredito demais. Parece que o cupido anda me pregando peças, fazendo com que eu me apaixone ou "desapaixone" com a mesma velocidade dum piscar de olhos. E nunca sou correspondido. Pede para a Deusa Vênus dar uma bronca em seu filho por mim. ^^

    Abraço! ^^

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