26 de setembro de 2012

Demônio


"Quando se dança com o Diabo, é ele quem conduz."
Ditado Indiano



Diabo, Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanás, Satã, Satanazim, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O SUjo, O Homem, O Tisnado, O Temba, Leviatã, Belial, Baal, Belzebu, Asmodeus, Samael, Lúcifer, Incubus, O Coxo, O Azarape, O coisa-ruim, O Marrafo, O Pé-preto, O Canho, O Dubá-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, Pai do Mal, Príncipe das Trevas, Carfano, Rabudo, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, que as vezes é ele, que as vezes é eu, ele em mim, eu nele, ele em relação a mim, eu em relação a ele, o mal, o bem, Deus sabe quem, somos dois seres precipitados, caídos, um para dentro do outro.






23 de setembro de 2012

Balada Triste de Trompeta...♪

Raphael - Balada de la Trompeta


Minha cena (e música) favorita do filme espanhol "Sin un Adiós" de 1971.
Onde o cantor Raphael interpreta um palhaço triste e apaixonado.


Raphael





Os Príncipes do meu Reino: Francisco Luis Bernárdez.

Francisco Luis Bernárdez.



SONETO

Si para recobrar lo recobrado 
debí perder lo perdido, 
si para conseguir lo conseguido 
tuve que soportar lo soportado,

si para estar ahora enamorado 
fue menester haber estado herido, 
tengo por bien sufrido lo sufrido, 
tengo por bien llorado lo llorado.

Porque después de todo he comprobado 
que no se goza bien de lo gozado 
sino después de haberlo padecido.

Porque después de todo he comprendido 
que lo que el árbol tiene de florido 
vive de lo que tiene sepultado


Francisco Luis Bernárdez




Da série "Príncipes do meu Reino", homens encantadores e maravilhosos cujo talento literário eu admiro, começando hoje com Francisco Luis Bernárdez, libriano, racional, jornalista e poeta, nasceu na Argentina, estudou na Espanha, participou de vários movimentos literários importantes em seu país e deixou de nos brindar com sua beleza física e transcendental em 1978. Não posso ainda definir em palavras o quanto este soneto me conforta e apazigua, espero que gostem e procurem ler mais coisas dele.





22 de setembro de 2012

Venti Cordia ou “Post It” do coração.




"Há cordas no coração que melhor seria não fazê-las vibrar."
Charles Dickens


Minha função mais intrínseca, primordial, quiçá fisiológica é fazê-lo viver, a ti e ao teu corpo, por isso venho pronunciar-me quanto a tua vida. O meu apelo é o mais despretensioso possível, não tenho tempo de discursar sobre minhas idéias e opiniões a respeito da vida que conheço e da que desconheço, dentro e fora de sua caixa torácica o mundo segue um grande mistério para mim, mas mesmo em minha cega e desconhecida ignorância gostaria de dizer uma ou duas palavras sobre os últimos acontecimentos.
Percebi-me acelerando naquela noite, não enxergo mas soube quase que instantaneamente que seus olhos percorriam as palavras dele novamente. As mesmas palavras de novo, ainda não faziam sentido em seu córtex central, mas assustavam ao serem vistas como um todo, um tipo de gestalt que ainda não conheço, acelerei, descompassei, me preocupei com você, com o que lia, com o término anunciado de algo que ainda não tinha certeza se de fato começara, ao menos havia começado para você aqui dentro e todos nós (eu e alguns poucos órgãos) estávamos cientes disso.
O que gerou o meu descompasso não foi de fato o que você sentiu ou pensou sentir naquela noite, foi a repetição, ninguém entende melhor de repetição do que eu, que desde antes de fazê-lo ser, sou.
A repetição me assustou, visto a importância que dava para isso há um ano e a que voltou a dar algumas noites atrás, a repetição da infinita equação amar e não amar, ter e não ter, estar e não estar mais. Essa corda bamba, essa prancha de navio pirata que sempre lhe atira ao vazio e que você chamava de pseudo-namorado, antes e agora. Não era e nem nunca foi, não possuo faculdades desconhecidas como o cérebro, não prevejo o futuro mas sei que nunca viria a ser.
E então veio a anunciada e inevitável separação, não apenas física, mas emocional, separar os seus sentimentos dos dele, os seus erros e precipitações dos dele, somar, subtrair e então dividir.
E lá estávamos nós dois, você dividido, eu quase enfartando, o cérebro sobrecarregado, o corpo sem ar, os pulmões sorvendo nicotina descontroladamente, tornando ainda mais difícil meu trabalho que já não é nem um pouco fácil.
Então, devido a gravidade exacerbada da situação, fizemos um motim, sua consciência talvez esteja estranhando algumas atitudes recentes suas, mas tudo foi meticulosamente planejado por nós, seus vitais. Tudo entrou no automático, no natural, pra facilitar sua vida (e a nossa), para abrandar a sua dor.
Os hormônios mais violentos, alguns deles até grandes culpados desta sua (des) ilusão, foram silenciados, quase todos por mim mesmo. O cérebro parece que já entrou em acordo com todos os nervos que a incompetência vem da parte dele, digo, do cérebro do outro e não do seu, e uma vez tendo encarado esta realidade já desconectou ou ao menos começou a desconectar pelo que soube, qualquer lembrança dele de você, em breve você não o chamara de mais nada, não teremos mais nomes para ele. Nem um unico sentimento que se encaixe nele. Seus músculos faciais concordam que a partir de agora não haverá mais sorrisos para ele. As lágrimas serão contidas antes do orbe ocular, não se incomodarão em subir até os canais, muito menos em descer por eles, o choro será reprimido pela garganta, e as cordas vocais decidiram entrar em greve em tudo que se relacionar a ele, a única coisa que ele ouvirá de você será o som do seu abismo, o som da sua imcapacidade de continuar.
Enfim, acredito realmente que tudo isso dará certo de alguma forma no final, o meu passo não marca o tempo, não o transmuta ou controla, mas podemos mudar (e mudaremos a partir de agora) a forma como você passa por ele, e o tempo que se vire, como nós aqui dentro estamos nos virando também.
Escolhi este momento de repouso em que sua consciência esta silenciada pelo sono, pela brisa noturna, para expor a você o que estamos fazendo e o por que de estarmos fazendo, precisamos de você bem vivo, lúcido, existem células nascendo aqui que querem sua chance de ver o mundo, mesmo que seja apenas esse seu mundo (tao vasto e pleno para nós)  interno.
Quanto a ele, não o conheço, sei que não deve ser de todo mal, sei que você sabe disso também, não o estamos tratando como uma chaga ou uma enfermidade que precisa ser curada, seu sistema imunológico nem entrou nessa jogada, mas acredito que dentro dele tudo tenha sido alinhado premeditadamente para o "até nunca mais", e como nós, desligados que somos, esquecemos de fazer isso por você antes o fazemos agora.
Em breve seu sono acabará e eu preciso voltar ao meu trabalho antes que você enfarte, mas não tenha medo de sonhar de novo, é bom para você e para todos nós quando o faz, apenas lembre-se, ja diria o poeta que você sonha quando olha para fora, mas só acorda quando olha para dentro, ou no meu (e no seu) caso, quando o lado de dentro acorda para o de fora.


Atenciosamente.

Seu coração (lat. cor, grc. Καρδία)





20 de setembro de 2012

Pudera.

2012

A confortante conformidade da ausência de esperança é assustadora.
O torpor da falta de opções, o ópio da inexistência de saídas.
Tudo o que se sabe da vida é que a própria não existe (ou acontece) mediante nossa vontade.
...
Um antigo e sábio ditado grego nos ensina que se quisermos matar um Deus de rir,
basta contar nossos planos a ele.







17 de setembro de 2012

Alucin(ações)





Antes deviam ter te dito que era um labirinto
e eu um minotauro louco e faminto.
Antes.

...

Talvez se eu fosse um pouco menos isso ou aquilo.
Talvez um pouco menos "bom partido", menos experiente.
Talvez.

...






5 de setembro de 2012

Canetas...




Quero atropelar todas as regras
comer os pontos errar as palavras
calar o ponto final antes do tempo.
Desejo prolongar a escrita, 
fazê-la duradoura, atemporal.
sendo o leve vislumbre de um sonho,
que em nada se assemelha a realidade.
Quero escrever como amo/amar o que escrevo,
ainda que os dois se confundam intimamente
e eu me perca entre canetas e lábios...