20 de novembro de 2011

Ambrosia.

"Zona Abissal", foto de Ligia Goi.

Escrevo para ser lido
muito além do contexto
dizer aquilo que não digo
usando a pena como pretexto

Te mostrar o que não vejo
em mim mesmo, na realidade
esconder o verdadeiro desejo
de queimar a insanidade.

Destruindo as quimeras
tomando a ambrosia
perdurando por eras
agonizante letargia.

Pelo tempo somos lidos
quando deixamos o útero materno, 
escrevemos para não sermos esquecidos, 
eu escrevo para ser eterno.




16 de novembro de 2011

365 dias...



Parágrafo 1.

Adiantado como sempre, transitava pelas estações mas vivia eternamente em horário de verão. Adiantado não uma hora, mas um ano, ou mais. O seu horário de verão nada tinha em comum com o nome da estação, era o verbo "ver" na terceira pessoa do plural no futuro do presente do indicativo. Verão. Na certidão de nascimento tinha vinte e quatro anos, na vida vinte e cinco ou mais. Sempre somara trezentos e sessenta e cinco dias à sua idade, uma ânsia de se adiantar, de chegar logo ao fim, de se poupar mais um ano.