22 de dezembro de 2009

Toda a tristeza, deixa lá fora, chega pra cá...♫




Fim de ano, chegou a hora da faxina, de dar uma geral, descongelar a geladeira, mudar a roupa de cama, fazer promessas que você não pretende cumprir.
Pois é, chegou a hora do balanço geral, de ver o que se ganhou, o que se perdeu des de que este ano entrou, ouvir aqueles comentários super manjados:
"Poxa o ano passou rápido não é?" passou mesmo, mas levou 365 dias pra passar, como todos os anos antes dele des de que o calendário romano entrou em vigor, e olha que faz tempo.
Pessoas entraram em nossas vidas, pessoas saíram de nossas vidas, algumas para sempre, outras para quem sabe.
Um dia é diferente do outro, num dia quieto em casa, num dia tem festa e eu vou, no outro é frio no outro é calor, vai entender os Deuses.
A vida é o que fazemos dela, é o que nos dizem sempre, e o que você faz da sua vida?
Será que este ano você não foi inseguro demais, não hesitou demais, não pediu conselhos demais, não jogou um peso enorme nas costas das pessoas que você mais ama?
Eu sim.
Eu fui inseguro, eu fui chato, eu fui grosso, eu fui ignorante, eu fui besta, eu fui tonto, eu quis que outros tomassem decisões no meu lugar, eu deixei um pouco de viver, eu me rasguei de trabalhar feito uma escrava branca, eu fiquei pouco tempo com minha família, eu não pude dar atenção a todos os meus queridos.
Quis me matar de amor, quis matar um ex, quis voltar com outro, quis me apaixonar por um rapaz novo, quis conhecer pessoas, dei cantadas, levei tocos, e estou terminando o ano no "0 x 0" emocional.
Me preocupei demais com o que não tive das pessoas, as festas que não me convidaram, os passeios que eu perdi, os amigos que se afastaram, os amigos que eu afastei.
Mas também alguns amigos antigos se aproximaram, os novos chegaram chegando ocupando meu coração, os intímos se tornaram mais intímos.
Vai me entender.



Queria escrever um texto legal sobre as reflexões do final de 2009, um ano muito importante pra mim, cheio de virgindades perdidas, de estilos mudados, de namorados perdidos, reconquistados, e devidamente assassinados.
de fotos, de planos, de provas, de vestibulares, de oscilação na balança, na balança da farmácia quis dizer.
Um ano de sonhos.
Onde a angustia foi a entrada, e incerteza o prato principal, o mau humor a sobremesa e a esperança a saideira.
Nós arrastamos uma bagagem a cada ano que passa, e a cada ano parece que ela fica mais e mais pesada, espero que consiga arrastar a minha até 2010 pra começar tudo bem, pois chega de preocupações, chega de lamentações, simplesmente CHEGA.
Não dá mais tempo, eu ainda caibo nas mesmas roupas, ainda sou feliz, ainda tenho com quem contar, ainda tenho a familia, ainda tenho uma garrafa de vodka na geladeira, um maço de gudang de canela cheinho e um salário no fim do mês.
É o suficiente pra começar o ano em grande estilo, cheirando a perfume importado, ouvindo os músicos que gosto gritando suas musicas, e eu repetindo feito um papagaio.
Para aqueles que entraram na minha existencia em 2009, aí vai um aviso:
Deveriam ter avisado vocês que a minha vida é um labirinto e que eu sou um minotauro doido e faminto, deveriam ter avisado que era um beco sem saída, é tipo prisão perpétua a minha companhia, e cuidado que ela causa dependência química do meu amor.
Não querendo fazer "a cobra", mas acho que meu veneno condenou vocês pra sempre.
E para os homens é claro, eu peço que entrem sem pedir licença este ano, que não se importem com as conveniências, com a distancia, que venham com tudo como um caminhão desgovernado numa ribanceira, venham com escova de dente, com creme de barbear, venham com chinelo, pijama, manias, com todos os seus pertences, venham com cachorro, família e com tudo o que vocês tenham.
Eu? eu quero pacote completo, com tudo o que eu tenho direito.
E agora pra encerrar este post de final de ano, vou abrir todas as janelas, armar uma rede, acender um incenso, ou melhor, vou logo acender uma vela pro meu Santo Antônio, e numa cueca boxer vermelha da Cavalera, prontinho pra só dizer "Sim!", com a minha casa e a alma lavada...
Vou escancarar os portões.















p.s. Um ótimo 2010 para todos os meus queridos!
Os amo!



Beijos sinceros...

16 de dezembro de 2009

Olhar para trás...


Coisas importantes foram deixadas no caminho,
Pedaços meus perdidos ao longo da jornada,
Sigo em frente, tropeçando, sozinho...
Um andarilho com os dois pés fora da estrada.

O anjo alto me feriu de cegueira,
Desde então, eu vejo tudo, e não enxergo nada.
Temo o futuro, e os homens que por brincadeira,
Torçam no meu peito, a faca que lá está cravada.

E atrás de mim, os escombros do passado,
Imploram aos Deuses um misericordioso final,
Escuto-os me chamando, estou condenado:
- Sei que ao olhar para trás, me tornarei sal.

Lot, Roberto Cavalcante Rodríguez



"E a esposa de Lot olhou para trás,
e ficou convertida para sempre
em uma estátua de sal..."

Gênesis, capt 19, versc 26.



O passado é sempre perigoso, talvez até mais que o futuro. Ja que o futuro ao menos, pode ser modificado.
O que deixamos lá atrás? O que perdemos? Onde erramos? Onde nos deixamos pisar? Onde pisamos em alguém?
Seguem ao nosso redor os fantasmas, que nos acompanham ás vezes durante anos, durante vidas.
O passado deve ser esquecido, deve ser superado, deve ser trabalhado, deve ser relembrado, inúmeras opções nos dão, para lidar com algo que ja aconteceu.
Escolha a que melhor se aplicar ao seu caso, e seja feliz. Simples não? Nem tanto.
O passado as vezes volta, e bate a sua porta.
Talvez por um milésimo de segundo, você o tenha desejado novamente, tenha o chamado baixinho enrolado em seu edredom, tenha lembrado e tenha sorrido, ou chorado, ou apenas lembrado, sem mais, e no Olympo, um capricho dos Deuses, fez com que vocês se cruzassem novamente, você e seu passado.
Sim, porque encontrar uma pessoa do passado, um amor do passado, um qualquer coisa do passado, não é apenas um encontro a dois e sim a três, ou a quatro. Explico:
Ao lado da pessoa, está o homem que ele era, e o homem que você era no passado, a pessoa que você foi, e com certeza não é mais, a pessoa que destratou ou foi destratada, a pessoa que magoou, ou foi magoada, a pessoa que esqueceu ou foi esquecida.
Sim, você enxerga seu amor novamente na rua, e vê seu passado andando ao lado dele, com uma expressão triste, ou feliz, depende do que tenham vivido juntos, lá está ele, acorrentado eternamente ao sujeito, afinal, mesmo que você não tenha significado nada para o cara, ele significou o suficiente, para que um pedaço de sua história ficasse eternamente ligado a ele.
Os anos passam, e a alquimia da vida da as caras. E tudo muda, se transforma, o chumbo vira ouro.
E então vocês se reencontram.
Dois seres diferentes, ligados por algo em comum, o passado.
E o que fazer em relação a isso? Olhar para trás é tentador, voltar, reviver, retornar, modificar, palavras sempre ligadas ao passado também.
Mas o passado é sádico, ele ensina, ele deixa marcas, e uma pessoa machucada, guarda eternamente o rosto do agressor, como se deixar tocar, pela mão que o apunhalou, mesmo sem querer?
"A mão que afaga, é a mesma que apedreja; escarra nesta boca que te beija..." ja dizia o poeta, a dor é passageira, mas a cicatriz não, ela sempre ficará visivel, e irá ser como um quadro pendurado na sua memória, lembrando a dor que lá esteve.
Será um trabalho árduo lidar com isso, pisar em ovos, luvas de veludo, jornais em volta do vidro, o passado deve ser retomado (quando o for) com todo o cuidado possivel.
A relação se torna um castelo de cartas, um sopro apenas para tudo ter um fim, novamente.
O meu passado, bateu na minha porta um dia desses, era o "Altão".

Mini-Flash-Back a respeito do "Altão"
(Ele era bem alto, muito mais alto que eu, quando se aproximava para me dar um abraço, sentia como se uma onda estivesse me encobrindo, sua sombra se espalhava no chão ao meu redor, e subtamente me sentia protegido, preenchido, quase transbordando.
Tinha olhos verdes escuros, escondidos atrás de um óculos antigo, e me olhava de uma maneira quase inocente. E quando seus olhos faziam conjunto com sua boca, se contraindo em um sorriso sem graça, e sua pele branca ganhava tons avermelhados, sentia a certeza de que aquilo, devia ser o amor.
Tinha as pernas compridas, e numa bermuda ganhava um ar desajeitado muito gostoso de se ver, acho que ele inteiro era gostoso de se ver, como uma obra surrealista contemplativa, ficava horas apenas o observando em silêncio, ele havia me encontrado, e acabamos nos encontrando.
É estranho conhecer alguem desconhecido, mas ao mesmo tempo tão intimo.
Vivemos um encontro, e um desencontro.
Eramos de planetas distintos, nossas personalidades entravam em choque constantemente, eu querendo ser mais velho do que era, mais certo do que era, mais bobo do que era.
E ele querendo que eu o aceitasse como era, sem nenhuma adição de contos-de-fada, sem nenhuma fantasia, ou expectativa, apenas queria me servir a realidade, numa taça de ouro, ele era real.
Era de carne e osso, tinha um passado, um presente e um futuro, não era um dos meus personagens perfeitos, e dizia isso constantemente, ele não me lia, ele não me entendia, e acho que ele não o queria.
Ele e eu eramos muito parecidos, inseguros, orgulhosos, e egoístas acima de tudo.
Viviamos também em cidades diferentes, em planetas diferentes.
Ele tinha a prerrogativa da idade e da experiência, e eu não tinha armas secretas, mistérios, era nú.
Falava o que sentia, mas não sabia o que sentia, muito menos o que falava.)

Retomando...
Eu jurava que desmaiaria só de vê-lo de novo, que me tornaria sal, se por um instante o encarasse nos olhos novamente.
Mas não, acho que me tornei sal assim que terminamos, mas não uma estátua de sal, e sim um homem de sal, salgado, dificil, complicado, e ao mesmo tempo, bem temperado.
Mudei, é o que acontece depois que o passado finalmente passa, depois que as rodas giram, e as lições são aprendidas.
A gente muda, e não compreende mais o passado, se arrepende, se culpa, se bate, se xinga por ter se deixado passar por tudo aquilo, que vontade de desaparecer que dá.
Meu passado queria entrar aos poucos no meu presente, e eu o cortei, o interrompi prematuramente.
Não tinha tempo, não podia lidar mais com os problemas que passaram, não podia mesmo lhe dar outra chance, sei que ele tem uma intenção escondida sempre.
Não poderia passar por tudo de novo, ou melhor, com certeza poderia, e desta vez mais preparado, sem mais nenhuma cicatriz, mas simplesmente não queria.
E agora, ele está aqui do meu lado, o maldito passado.
Estou arrependido por eu não te-lo vivido em sua plenitude quando ele aconteceu, e estou confuso por ter desejado em meu intimo que ele retornasse, e agora que finalmente ele retornou, eu o interrompi.
Que homem sou eu?
Sinto a sombra dele debruçada aqui sobre mim, enquanto escrevo, vejo a claridade de seus olhos meio claros, meio escuros seguindo os movimentos que a minha caneta azul traça no papel branco, com o seu jeito, o seu sorriso um pouco doloroso, um pouco distraído, um pouco infantil, ele inspirou cada emoção e idéia, cada profundeza de pensamento...
Droga! Altão, é verdade, você segue aqui do meu lado, e eu o amo a minha maneira.
Você é o homem que eu inventei, cada detalhe teu, cada qualidade, cada defeito fui eu quem lhe atribuiu, não bebi da realidade que me serviu antes, mas hoje a aceitaria com gosto, e daria largos tragos nela junto com você.
E se quer estar no meu presente de verdade, se realmente me quiser, deixa eu conhecer o homem por trás da metáfora, deixa eu tocar e beijar aquele moço de verdade, que eu encobri com a minha desmedida imaginação.
Eis aqui a minha ultima confissão: Posso ser novamente a sua propriedade? Eu ainda preciso do seu toque macio, do seu amor, do seus beijos e tal... E a ferida? Cuida dela, pois ela se encontra no meu peito, e ele (ainda) é teu.


p.s. Este post pertence a um moço muito alto do meu passado,
que aqueles que vivem no meu presente o passem adiante...



Beijos sinceros...